26.2.07

Crescimento (falta de) - as importações reduzem a taxa de crescimento?


Em vários artigos publicados recentemente na imprensa diária, alguns economistas e jornalistas econômicos alegaram que o aumento das importações brasileiras ocorrido em 2006, cuja causa seria a "excessiva" valorização do real, teria contribuído para reduzir a taxa de crescimento do PIB. Em sua coluna de hoje no Valor Economico, Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti mostram porque esta é uma tese equivocada.
  • "As importações de bens de produção mais baratos e com um conteúdo tecnológico mais avançado ajudam a baratear o custo do capital e a elevar a produtividade. As importações de matérias-primas reduzem os custos dos produtos exportados e vendidos no mercado doméstico. As exportações, a produção e o bem estar da população, em consequência, se elevam".

  • "O aumento das importações contrai a demanda agregada e o Banco Central reage a isto baixando a taxa real de juros. O gráfico compara as exportações líquidas com a soma do consumo das famílias e a formação bruta de capital fixo, medidos com relação ao PIB (somamos consumo e investimentos porque o comportamento isolado de cada uma destas variáveis é igual ao da sua soma). Fica claro que um aumento nas exportações líquidas tem como contrapartida uma queda no consumo e no investimento - assim, retarda, em vez de acelerar, a acumulação de capital e o crescimento da economia. Para que um país aumente as exportações líquidas sem provocar uma redução na formação bruta de capital fixo é preciso que o governo corte seus gastos, hipótese muito distante da atual realidade brasileira".

  • "O Brasil ainda tem um grau muito elevado de protecionismo. O país ganharia se as importações fossem estimuladas através de uma baixa adicional das barreiras tarifárias e não tarifárias. A redução de tarifas deveria preferencialmente (mas não exclusivamente) atingir bens de capital e matérias primas, baixando o custo do capital. Além de permitir a redução da taxa de juros real, a queda das barreiras comerciais reduziria a tendência à valorização do real".