- Nos últimos 62 trimestres, observa-se clara relação positiva entre a razão investimento-PIB e o deficit externo - o investimento e o deficit externo caminham na mesma direção. Há outro fato interessante: praticamente toda vez que o investimento supera 17,5% do PIB, as importações excedem as exportações; apenas em três trimestres (desde 1995) isso não ocorreu.
- Tal fenômeno reflete a baixa poupança nacional. De 2000 para cá, a poupança bruta atingiu, em média, pouco mais de 17% do PIB, tomando-se como base os números trimestrais sazonalmente ajustados, não por acaso patamar bastante semelhante àquele a partir do qual o nível do investimento corresponde a deficit externos.
- A reduzida poupança nacional não parece resultar de um consumo privado particularmente elevado. O consumo brasileiro, em torno de 63% do PIB, além de inferior à média de Argentina, Chile, Colômbia e México, é também o menor nessa (limitada) amostra.
- A grande diferença refere-se ao consumo do governo. Em 2009, o gasto público nesse conceito atingiu pouco menos de 21% do PIB, enquanto na média daqueles países ficou em 13,6% do PIB.
- Se o governo estivesse mesmo preocupado com a evolução das contas externas, o remédio seria um programa de austeridade fiscal. Isso se traduziria em redução da demanda doméstica, permitindo a queda da Selic e a consequente depreciação cambial e redução do deficit externo.
18.9.10
Investimento e déficit em conta corrente
Da coluna de Alexandre Schwartzman, na Folha de São Paulo - 15 de setembro de 2010:
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