13.11.19

Índice de Capital Humano (2)

Na postagem anterior, se mencionou que o valor relativamente baixo do Índice de Capital Humano (ICH) estimado pelo Banco Mundial para o Brasil se deve quase exclusivamente ao componente escolarização do índice.

No cálculo do ICH, o número de anos de escola que uma criança nascida hoje pode esperar ter cursado ao alcançar a idade de 18 anos, supondo que a pré-escola se inicia aos 4 anos, é dado pela soma das taxas hoje prevalecentes de matrícula entre as idades de 4 e 17 anos, tendo seu valor situado, portanto, no intervalo 0 – 14 anos.

Para o Brasil, em 2015, ano a que se referem as informações utilizadas no cálculo deste componente do ICH, eram as seguintes as taxas de matrícula por faixa etária, entre a população de 4 a 17 anos:

04 – 05 anos = 92,7%
06 – 11 anos = 88,2%
12 – 14 anos = 79,1%
15 – 17 anos = 72,4%

Assim, o numero esperado de anos de escolarização, aos 18 anos de idade, no Brasil, é atualmente de 11,7 anos.

O ajustamento dos anos de escolarização pela qualidade do aprendizado foi feito tomando-se em conta os resultados do PISA 2015. A pontuação dos estudantes brasileiros naquele exame correspondeu a 65% da pontuação máxima.

O número esperado de anos de escolarização aos 18 anos de idade, ajustado pelo aprendizado, é, portanto, de 7,6 anos (= 11,7 x 0,65), no Brasil.

9.11.19

Índice de Capital Humano (1)

O Índice de Capital Humano (ICH), estimado pelo Human Capital Project, uma iniciativa do Banco Mundial, pretende medir o nível de capital humano “que uma criança nascida hoje pode esperar alcançar, na idade de 18 anos, dados os riscos de saúde e educação deficientes que prevalecem no país em que ela nasceu”.

O índice possui três componentes:

Sobrevivência = 1 – taxa de mortalidade abaixo de 5 anos.

Escolarização = número de anos de escola que uma criança pode esperar ter cursado, ao alcançar a idade de 18 anos, dado o padrão prevalecente de taxas de matrícula, ajustado por um indicador de qualidade da educação (aprendizado).

Saúde = percentagem das pessoas com 15 anos de idade que sobrevivem até a idade de 60 anos; 1 – percentagem de crianças de menos de 5 anos de idade que estão abaixo da altura normal para a idade.

Estes componentes do ICH são combinados em um índice único, depois de estimados os impactos sobre a produtividade de cada um deles. O índice “é medido em unidades de produtividade com relação a um benchmark que corresponde à educação completa e saúde plena”, sendo 1 o seu valor máximo..


O valor do ICH brasileiro é de 0,56, o que significa que “uma criança nascida no Brasil hoje será, quando crescer, apenas 56% tão produtiva quanto poderia ser, se tivesse educação completa e saúde plena”.

Este valor do ICH situa o Brasil no 81º lugar entre 157 países e é algo inferior ao que se poderia esperar para um país com o nível de renda per capita brasileiro. 


Singapura é o país com maior ICH (0,88), enquanto o Chile (0,67) tem o ICH mais elevado na América Latina e Caribe (0,55). Entre os BRICS, o ICH do Brasil é inferior ao da Rússia (0,73) e China (0,67) e superior ao da Índia (0,44) e da África do Sul (0,41). 

Os valores para o Brasil dos indicadores que entram no cálculo do ICH são:

taxa de sobrevivência até a idade de 5 anos = 99%
taxa de sobrevivência dos adultos = 86%
taxa de crianças com altura normal para a idade = 94%
anos esperados de escolarização ajustados pelo aprendizado = 7,6 anos

A educação completa é definida como 14 anos de escolarização com aprendizado integral. Portanto, é fundamentalmente o componente educação que determina o baixo valor do ICH brasileiro. 

Considerando que o retorno da educação é de 8% por ano de escolaridade, os 7,6 anos de escolarização ajustada pelo aprendizado reduzem a produtividade do trabalhador brasileiro a apenas 60% da produtividade de um trabalhador com educação completa [(e ^ 0,08*7,6) / (e ^ 0,08*14)] = 0,6].

Se o trabalhador brasileiro possuísse educação completa, o ICH do Brasil seria de 0,94, tendo em vista que o valor dos outros três indicadores para o Brasil está relativamente próximo de 100%.

4.11.19

Políticas para redução da desigualdade

O Peterson Institute for International Economics sediou, em outubro, seminário que debateu os impactos do progresso tecnológico, comércio internacional e instituições do mercado de trabalho sobre a desigualdade de renda. Políticas voltadas para a redução da desigualdade foram também discutidas.

O seminário foi organizado por Olivier Blanchard e Dani Rodrik e contou com a participação, entre outros economistas, de Greg Mankiw, Daren Acemoglu, Philippe Aghion, Lawrence Katz, David Autor e Emanuel Saez.