31.12.07

Distribuição geográfica do PIB mundial - 2005 (I)


(Informações atualizadas sobre a distribuição geográfica do PIB mundial, relativas ao ano de 2008, estão disponíveis aqui).

Em meados de dezembro, o Programa de Comparações Internacionais (ICP), projeto coordenado pelo Banco Mundial, divulgou novas estimativas do valor em dólares americanos do PIB de 146 países, obtidas a partir de taxas de câmbio baseadas no conceito de paridade do poder de compra (PPC).

Taxas de câmbio PPC, por atribuírem ao dólar o mesmo valor de compra em todos os países, possibilitam que se compare de maneira apropriada o produto das diferentes economias nacionais.

Os principais resultados do ICP são resumidos abaixo.
  • O PIB mundial alcançou o valor de 55 trilhões de dólares em 2005 - ano base do ICP. O PIB per capita mundial, dada a população de 6,13 bilhões de pessoas, foi de 8 972 dólares.
  • Perto de dois terços da produção da economia mundial estão concentrados nos 37 países europeus e nos 9 membros não europeus da OCDE. Dado que esses países respondem por apenas um quinto da população do mundo, sua renda per capita equivale a mais do que o triplo da média mundial, como mostra a tabela acima.
  • A renda per capita da Europa + OCDE é 14 vezes maior do que a da África, a região mais pobre do mundo.
  • A América do Sul e a Comunidade de Estados Independentes - CEI (formada por membros da ex-URSS) têm renda per capita próxima da média mundial.
  • A necessidade de se utilizar taxas de câmbio PPC em comparações internacionais é evidenciada pelos dados da última coluna da tabela. O nível de preços em dólares na África, Ásia / Pacífico, CEI e América do Sul é metade ou menos do nível de preços observado nos Estados Unidos, quando taxas de câmbio de mercado são utilizadas para converter os preços naquelas regiões para dólares.

30.12.07

Crescimento (falta de) - governo (I)

Celso Martone examina, na edição de dezembro do Boletim de Informações da FIPE-USP, as falhas institucionais que levam à hipertrofia e disfunção do setor público no Brasil, uma das principais causas, segundo o autor, das baixas taxas de crescimento econômico observadas no país, desde o início da década de 80.

Causas da Grande Depressão (I)

As causas da Grande Depressão de 1929 são discutidas por Vanessa Sumo, em artigo publicado em Region Focus, a revista do Federal Reserve Bank of Richmond.

O artigo mostra que, em quase oito décadas de debate, os economistas não alcançaram um consenso sobre os determinantes da Grande Depressão, o que, para a autora, é um reflexo de divergências mais gerais quanto à origem das flutuações macroeconômicas.

23.12.07

Ranking do futebol brasileiro (I)

A Folha de São Paulo publicou, na sua edição de hoje, um ranking dos times de futebol brasileiros, baseado no desempenho histórico dos clubes em campeonatos estaduais, regionais, nacionais e internacionais.

Aparecem entre os Top Ten, nesta ordem, São Paulo, Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Santos, Vasco, Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Fluminense. A competição, como se vê, não faz parte desta liga.

O líder do ranking, São Paulo, somou 881 pontos, enquanto o Cruzeiro alcançou 643 pontos.

A distância entre Cruzeiro e CAM é de 164 pontos, o equivalente à pontuação de 4 Mundiais Interclubes da FIFA ou de 23 campeonatos mineiros.

Estudo de caso para alunos de microeconomia - resoluções de ano novo

Além de recomendações sobre como melhor presentear (ver postagem anterior), a teoria econômica tem também lições a oferecer no que diz respeito a resoluções de ano novo, como mostra Tim Harford, em sua coluna The Undercover Economist, publicada em Slate.

Estudo de caso para alunos de microeconomia - como presentear com eficiência

Para quem ainda está em dúvida sobre como presentear, Surowiecki, Dubner e Levitt e Harford têm algumas sugestões.

15.12.07

Direita e esquerda

Greg Mankiw explica, nesta postagem do seu blog, em que consistem as diferenças de opinião sobre política econômica entre economistas "de direita" e "de esquerda".

A classificação se refere a economistas que, pelo menos, leram até o fim e entenderam o manual de introdução e, portanto, não se aplica a todos os portadores de diploma do lado de baixo do Equador (ou ao sul do Rio Grande).

9.12.07

Crescimento (falta de) - poupança

Da coluna de Armando Castelar Pinheiro, na edição do Valor Econômico deste fim de semana:
  • "A recuperação da formação bruta de capital fixo no último biênio, no Brasil, foi notável: um aumento médio anual de 9,4%, incrementando a taxa de investimento, a preços constantes de 2006, em 0,9% do PIB ao ano. Mantido o ritmo atual de expansão do investimento, em cerca de cinco anos o potencial de crescimento sustentado aumentará em um ponto percentual, para uma taxa entre 4,5% e 5% ao ano, o dobro do crescimento médio efetivo no último quarto de século".
  • "A nossa taxa de poupança, baixa e cadente, é, porém, um grande limitante à aceleração do crescimento no Brasil. Em 2005, ela caiu para apenas 17,3% do PIB, cerca de quatro pontos percentuais abaixo da média latino americana e muito menos que a registrada nos países asiáticos de alto crescimento. Em 2006 e 2007 ela deve ter diminuído ainda mais".
  • "Nos próximos anos, o consumo das famílias se expandirá cerca de 6% a 6,5% ao ano, turbinado pelo aumento do crédito e da massa salarial, assim como pela maior estabilidade macroeconômica, inclusive a queda do desemprego".
  • "O governo tem enfatizado a necessidade de novas contratações e do aumento do gasto corrente, de forma que o consumo do governo não deve cair abaixo dos 20% do PIB, patamar em que se mantém desde 1995".
  • "Dadas as taxas acima de crescimento do consumo privado e público e do investimento e mantidos os termos de troca no patamar atual, relativamente elevado em termos históricos, conclui-se que em 2011 o Brasil terá um déficit em conta corrente de 6,4% do PIB, com uma taxa de poupança bruta de 14,4% do PIB, semelhante à observada em 2000-02".
  • "Um cenário de aumento simultâneo da taxa de investimento e do consumo, como se projeta para o Brasil, tem como corolário déficits crescentes em conta corrente, começando já em 2008. Em algum momento, a expansão será interrompida por uma crise de financiamento externo, como outras vezes no passado".
  • "Ou se começa já a promover um aumento da poupança nacional, o que passa em especial pela elevação da poupança pública, ou não há como falar em uma trajetória de crescimento alto e sustentado no longo prazo".

Seleção natural e revolução industrial (III)

Mais duas resenhas do livro "A Farewell to Alms", de Gregory Clark:
  • de Benjamin Friedman, publicada na edição de hoje do New York Times (acesso gratuito).
  • de Robert Solow, publicada na edição de 22 de novembro da New York Review of Books (acesso ao custo de 3 dólares).
O livro já foi objeto de outras postagens neste blog - em 7 de agosto e 18 de agosto.

8.12.07

Crescimento (falta de) - educação (V)


Informações sobre o desempenho dos estudantes brasileiros no PISA 2006.


O que é o PISA

  • O objetivo do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é comparar o desempenho dos países na educação. Para isso, são aplicados, a cada três anos, testes a alunos de 15 anos nas nações que participam do programa.
  • O PISA analisou as habilidades de mais de 400 mil alunos em 57 países (30 membros da OCDE e 27 participantes voluntários, entre os quais o Brasil), em 2006.
  • A média dos alunos da OCDE foi de 498 pontos em matemática, 492 pontos em leitura e 500 pontos em ciências, no PISA 2006. Os países com média mais alta foram, respectivamente, Taiwan (549 pontos), Coréia (556 pontos) e Finlândia (563 pontos).

Desempenho dos estudantes brasileiros

  • No Brasil, fizeram o teste 9.295 alunos de 7ª ou 8ª série de 625 escolas públicas e privadas, situadas em 390 cidades.O Brasil obteve a 53ª posição em matemática, a 52ª em ciências e a 48ª em leitura, em 2006.
  • As notas brasileiras nas três últimas versões do teste são mostradas no quadro acima, publicado no jornal Valor Economico. Comparando o desempenho do Brasil nos exames de 2003 e 2006, a nota piorou em leitura, ficou estável em ciências e melhorou em matemática.
  • A maioria dos estudantes brasileiros não ultrapassa o menor nível de aprendizado nas disciplinas testadas. Numa escala que vai até seis, 73% dos brasileiros estão situados no nível um ou abaixo disso em matemática. Em ciências, essa proporção é de 61%. Na prova de leitura, para a qual a escala vai até cinco, 56% dos alunos brasileiros não conseguiram ultrapassar o nível um.
  • Na comparação envolvendo apenas os 5% melhores alunos de cada país participante, a posição do Brasil é a 51ª em ciências, a 45ª em leitura e a 53ª em matemática. Considerando os 5% piores alunos, a posição do Brasil é a 55ª em ciências, a 51ª em leitura e a 55ª em matemática.
  • Apesar de o Brasil apresentar uma das maiores desigualdades na distribuição das notas dos alunos, essa diferença diminuiu, de 2003 para 2006. A média dos estudantes que estavam entre os 5% piores teve ganho de 23 pontos em matemática e de 11 pontos em leitura. Entre os que estavam entre os 5% melhores, a média variou apenas 2 pontos em matemática e teve queda de 19 pontos em leitura.
  • O Brasil apresenta a maior distância no desempenho de escolas públicas e privadas, mas não ganha número significativo de posições no ranking quando só as particulares são consideradas.

Curva de Phillips - literatura recente

Richard Dennis discute a literatura recente relativa à Curva de Phillips Novo-Keynesiana, em uma Economic Letter do Federal Reserve Bank of San Francisco, publicada no final de novembro.

1.12.07

Retorno da educação no Brasil

Da coluna de Naércio Menezes, na edição do Valor Econômico deste fim de semana:
  • "Em 1981, o brasileiro típico (mediano) com mais de 25 anos de idade ganhava R$ 542 por mês (a preços de 2006), no seu trabalho principal. Em 1993, no auge do período inflacionário, o salário mediano era de apenas R$ 395. Já em 2006, o salário mensal do indivíduo típico atingiu o patamar de R$ 500 por mês. Se considerarmos os valores médios, ao invés de medianos, o salário era de R$ 996 mensais em 1981, R$ 789 em 1993 e R$ 947 em 2006. Assim, os salários em 2006 estavam próximos, mas ainda não haviam alcançado o valor vigente em 1981".
  • "O grupo de trabalhadores que mais sofreu perdas, entre 1981 e 2006, foram os trabalhadores com ensino médio. A oferta destes trabalhadores passou de 8% para 23% do total nos últimos 25 anos, o que fez com que eles se tornassem relativamente abundantes no mercado de trabalho, sem que tivesse havido um aumento das ocupações compatíveis com seu nível de escolaridade. Como resultado, seu salário relativo caiu e sua taxa de desemprego aumentou. Mesmo assim, o salário deste grupo é em média 76% maior do que o salário dos trabalhadores com ensino fundamental ou menos. Ainda vale a pena concluir o ensino médio".
  • "A grande diferença salarial está no ensino superior. As pessoas que chegam à faculdade têm em média uma remuneração 150% maior do que as que param no ensino médio (R$ 2.414 versus R$ 947 em 2006), diferencial que cresceu em relação a 1981, quando era de cerca de 100%. Este diferencial médio abarca os alunos de todas as faculdades públicas e privadas do país. O retorno para os alunos de cursos de boa qualidade é muito maior".
  • "Os dados estão dizendo que o mercado está precisando cada vez mais de trabalhadores com ensino superior e cada vez menos de trabalhadores que tenham apenas o ensino médio. Isto explica a proliferação de matrículas no ensino superior privado na última década, que passou de 1 milhão em 1993 para mais de três milhões em 2005. O mercado transmite o sinal e as pessoas reagem a ele".

24.11.07

História da desigualdade

A desigualdade de renda e de expectativa de vida é um resultado da Revolução Industrial ou o grau de desigualdade nas sociedades pré-industriais era similar ao que se verifica nas sociedades modernas?

Em princípio, se esperaria encontrar mais desigualdade nas sociedades modernas porque a renda pode ser mais concentrada em sociedades mais ricas sem levar os pobres à morte por inanição.

Esta questão foi examinada por Branko Milanovic, Peter Lindert e Jeffrey Williamson em um NBER Working Paper publicado em outubro.

Os resultados reportados no artigo são resumidos na coluna The Undercover Economist, postada hoje em Slate.

18.11.07

Efeitos da pena de morte

A evidência econométrica recente relativa aos efeitos da aplicação da pena de morte sobre o número e a taxa de homicídios nos Estados Unidos é discutida em artigo publicado na edição de hoje do New York Times.

16.11.07

Entrevista com Paul Romer

Paul Romer conversa sobre crescimento econômico com Russel Roberts, nesta entrevista para The Library of Economics and History. Para ouvir o podcast da entrevista, use este link.

4.11.07

Crescimento (falta de) - competitividade (III)

O Brasil aparece na 72ª colocação no ranking de 131 países do Relatório Global de Competitividade, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial.

A lista é liderada pelos EUA, Suíça e Dinamarca. O Brasil ficou atrás de vários países latino-americanos - Chile (26ª), México (52ª) e Colômbia (69ª) - e emergentes - China (34ª), Índia (48ª) e Turquia (53ª colocação).

A competitividade brasileira continua a ser prejudicada por juros altos, elevada carga tributária, gasto público ineficiente, burocracia excessiva, deficiências na infra-estrutura e na educação e falta de confiança nas instituições públicas, seja pela corrupção, seja pela morosidade.

Estudo de caso para alunos de microeconomia - incidência dos impostos

Da coluna de José Alexandre Scheinkman, na edição de hoje da Folha de São Paulo:

"Li com grande surpresa que o ministro da Fazenda declarou que 80% ou 90% dos brasileiros não pagarão a CPMF. Afinal, desde o século 18, os economistas entendem que há uma diferença entre quem entrega o imposto devido ao fisco e quem efetivamente arca com o custo do tributo. Há uma extensa literatura que avalia o impacto de impostos no aumento dos preços pagos pelos consumidores, na queda dos salários dos trabalhadores ou na diminuição do rendimento de outros fatores de produção. Um exemplo interessante é a contribuição previdenciária nos Estados Unidos, que é, em princípio, dividida igualmente entre empregado e empregador. Estudos empíricos demonstram, no entanto, que a parcela das empresas é na realidade paga em boa parte pelos trabalhadores, na forma de salários mais baixos. Não conheço trabalhos sobre a verdadeira incidência da CPMF no Brasil, mas como muitos outros impostos indiretos, é provável que ela incida sobre todas as faixas de renda".


Scheinkman sugere a respeito a leitura do artigo "Tax Incidence", de Don Fullerton e Gilbert Metcalf, que está disponível na serie de working papers da NBER.

O ministro Mantega pode, entretanto, encontrar uma exposição bem mais acessível deste tema no manual de Introdução à Economia de N. Gregory Mankiw - capítulo 6, páginas 124-130 - tradução da 3a. edição americana.

O problema da incidência dos impostos é bem conhecido dos alunos de Economia I, sempre que teoria econômica é, de fato, ensinada nesta disciplina, o que no Brasil, como se sabe e a desinformação do ministro economista ilustra, não acontece necessariamente.

28.10.07

Flutuações macroeconômicas no Brasil

O gráfico apresenta o desvio percentual do PIB corrente brasileiro em relação ao PIB potencial medido segundo o método de Hodrik-Prescott. Os dados cobrem o período 1947-2006.

A linha horizontal corresponde ao pleno emprego. Observações abaixo desta linha correspondem a anos de recessão e observações acima dela, a anos de boom.

Os dois episódios recessivos mais graves das últimas 6 décadas ocorreram, como é bem sabido, em meados dos anos 60 e no início da década de 80. Em ambos os casos, o produto corrente chegou a estar 8% abaixo do produto potencial.

A partir de meados da década de 90, as flutuações do PIB em torno da posição de pleno emprego se tornam menos pronunciadas, mas a estabilização se dá num contexto de redução da taxa de crescimento de longo prazo.

22.10.07

Crescimento do PIB potencial (II)

O gráfico acima mostra a taxa de crescimento do PIB potencial do Brasil, no período 1948-2006, estimada com base no filtro de Hodrick-Prescott.

Depois de ter se reduzido a 1,8% em 1990, o valor mais baixo da serie histórica, a taxa de expansão do PIB potencial se recuperou lentamente nos 15 anos seguintes, alcançando 2,7% em 2006.

As estimativas recentes do IPEA, IBRE - FGV e Banco Itaú, mencionadas na última postagem, foram obtidas através de outros métodos e sugerem uma taxa de expansão próxima de 4% atualmente.

Crescimento do PIB potencial (I)

Qual a taxa de crescimento do PIB potencial no Brasil?

Na Carta do IBRE, publicada na revista Conjuntura Econômica - edição de outubro de 2007, dois cenários extremos são propostos para responder a esta pergunta.

No cenário otimista, supôs-se que a formação bruta de capital fixo continuaria a se expandir à taxa atual de 8% a.a. e que a produtividade total dos fatores cresceria à taxa de 1% a.a. Neste caso, o crescimento do PIB potencial seria de 4,6% em 2008 e chegaria a 5,4% em 2015.

No cenário pessimista, a formação bruta de capital fixo permaneceria constante como proporção do PIB (ou seja, nos atuais 17%) e a produtividade total dos fatores não cresceria. Sob estas hipóteses, a taxa de crescimento do PIB potencial se manteria em torno de 3,5%, de 2008 a 2015.

Cenários intermediários também considerados no artigo sugerem, por sua vez, uma taxa de expansão do PIB potencial entre 4% e 5% a.a. nos próximos 8 anos.

De acordo com a Carta do IBRE, para alcançar a taxa de crescimento superior a 5% que corresponde ao cenário otimista, seria necessário melhorar o ambiente de negócios, reduzir o gasto público e a carga tributária, reavaliar alguns programas sociais (presume-se que principalmente a política previdenciária) e aumentar a qualidade da educação.

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Sérgio Werlang, em artigo publicado no Valor Econômico - edição de 19 de outubro, mencionou pesquisa do Banco Itaú, segundo a qual a tendência de expansão do PIB teria passado de 1,9%, entre 1996 e 2002, para 3,9%, a partir do final de 2002.

A estimativa do IPEA, que foi objeto desta postagem de junho, é de 3,8%.
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Há, portanto, uma clara convergência para 4% como o valor mais provável da taxa de crescimento do PIB potencial.

21.10.07

Freakonomics

Nova hipótese para explicar a queda súbita e drástica da criminalidade nos Estados Unidos, a partir do início dos anos 90 - a probição da adição de chumbo à gasolina. A hipótese é discutida em um artigo do New York Times deste domingo.

20.10.07

Crescimento (falta de) - corrupção

Da coluna de Clóvis Rossi, na Folha de São Paulo de hoje:
"Quase metade das empresas que atuam no Brasil (exatamente 48% delas) já se viu diante de uma situação em que foi estimulada a pagar propina, revelou um estudo da consultoria PriceWaterhouseCoopers. A média na África é de apenas 30% e no México a proporção é de 28%. Nem vale a pena comparar com América do Norte (3%) ou Europa Ocidental (9%). A pesquisa foi feita com 5,4 mil executivos de 40 países. O Brasil ganha, se é que dá para usar esse verbo, apenas da Indonésia (54%). Empata com a Rússia. Pode ser que os executivos de outros países estejam mentindo. Ou que os executivos brasileiros consultados estejam exagerando. Mas, depois de todos os escândalos , você se animaria a dizer que não acredita no teor de corrupção inerente aos negócios no Brasil?".

13.10.07

Crescimento (falta de) - Haiti ou China?

Marcelo Neri chamou a atenção para um fato intrigante, em artigo publicado na semana passada no Valor Econômico.

As contas nacionais de 2005 e 2006 apontam crescimento acumulado do PIB per capita de 3,84% - um crescimento haitiano, nesta "era de ouro" da economia mundial.

Por outro lado, o crescimento da renda domiciliar per capita, medido pela PNAD, no mesmo período, foi de 16,4% - um crescimento chinês que, nos últimos dois anos, teria beneficiado não apenas os mais pobres, como vinha sendo o caso desde o início desta década, mas todos os estratos sociais.

Neri acredita que a geração de 4,6 milhões de postos de trabalho, dos quais 2,5 milhões no mercado formal, e o aumento das vendas do comércio de 11,8%, em 2005-06, validam os dados da PNAD, mas reconhece que não há uma explicação satisfatória para a discrepância entre estes dados e aqueles provenientes do Sistema de Contas Nacionais.

Fontes do crescimento

A importância relativa da acumulação de fatores e da produtividade total na explicação das diferenças de produto por trabalhador e, portanto, de renda per capita entre os países tem sido uma questão central no debate sobre crescimento econômico.

Esta questão é reexaminada por Charles Hulten e Anders Isaksson em um outro NBER Working Paper publicado esta semana.

Psicologia e economia

Stefano DellaVigna é uma das estrelas da nova geração de economistas trabalhando nos Estados Unidos, conforme artigo de The New York Times, que foi objeto desta postagem de janeiro.

DellaVigna publicou recentemente um NBER Working Paper com excelente revisão da literatura sobre psicologia e economia.

12.10.07

Cascatas de informação

A difusão da idéia errônea de que dietas gordurosas causam doenças das coronárias é um exemplo de "cascata informacional". O assunto é discutido por John Tierney no Tierney Lab, seu blog em The New York Times.

Bem antes de ter sido modelado pelos economistas, o fenômeno das "cascatas de informação", de acordo com Tierney, foi descrito por Schopenhauer, em A Arte da Controvérsia.

11.10.07

Ranking de programas de economia no Brasil (II)

Os melhores programas de pós-graduação em Economia do Brasil, segundo a avaliação divulgada ontem pela CAPES, são os da UnB, FGV - RJ, IPE - USP e ESALQ - USP. Estes quatro programas foram os únicos a obter conceito 6 na avaliação relativa ao triênio 2004-06. Nenhum programa da área de Economia recebeu conceito 7.

Para obter um ranking alternativo ao da CAPES, ver esta postagem anterior.

10.10.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - jogo do ultimato (II) - está tudo nos genes?

A mesma edição de The Economist mencionada na postagem anterior relata os resultados de um outro experimento, realizado por pesquisadores da Stockholm School of Economics e também baseado no "jogo do ultimato", destinado a testar se o senso humano de justiça tem raízes genéticas ou culturais:
"The human sense of fairness is not rooted in culture. Rather, it is genetic—as it would have to be in order to evolve. Paradoxically, discovering this relies on the fact that not everyone possesses it to the same degree. Researchers have shown this by playing the ultimatum game with twins. They used the classic trick of neutralising the effect of upbringing and exposing that of genetics by comparing identical twins (who share all their genes) with fraternal twins (who share half). Each twin of a pair played the ultimatum game, both as proposer and as responder. A striking correlation between the average division that each member of a pair proposed and also between what they were willing to accept was found, in the case of identical twins. In other words, their senses of what was fair were similar. No such correlations were seen in the behaviour of fraternal twins".

Estudo de caso para alunos de microeconomia - jogo do ultimato (I): chipanzés são maximizadores racionais

Pesquisadores do Max Planck Institute for Evolutionary Anthropology, em Leipzig, desenharam uma versão do conhecido "jogo do ultimato" para ser jogada por chipanzés. Os resultados deste experimento foram reportados em The Economist - edição de 6 de outubro de 2007:
"The game started with a pair of trays far from the players' cages. Each tray had ten raisins divided in different ways between two pots— say eight and two, or five and five. One chimp was allotted the role of proposer. He could choose one of the trays, pulling it by way of a rope just halfway to the cage. The other, the responder, could then choose to pull on a rod, bringing the tray close enough for both to get the raisins, one pot for each. If the responder chose not to pull the tray closer within a minute, the offer was considered rejected, and the game concluded. The result is that chimps are simply rational maximisers. Though proposers consistently chose the highest possible number of raisins for themselves, responders rarely rejected even the stingiest offers. A number of researchers in the field of human evolution think that a sense of fairness— and a willingness to punish the unfair even at some cost to oneself— is humanity's 'killer app'. It is what allows large social groups to form. Previous experiments have shown that chimpanzees are willing to punish actual thieves. But this new experiment adds weight to the theory that the more sophisticated idea of fair shares, which underpins collaborative behaviour, appeared in the hominid line only after the ancestors of the two species split from one another".

2.10.07

Crescimento econômico - instituições ou cultura?

Gregory Clark argumenta, em artigo publicado na edição de hoje do Valor Econômico, que a "cultura", não as "instituições", explica a "riqueza das nações":

  • "A idéia, atribuída a Adam Smith, de que incentivos adequados, independente da cultura, produzem bons resultados se tornou o grande mandamento da ciência econômica. Esta visão, porém, é uma interpretação equivocada da história (e, provavelmente, uma leitura equivocada de Smith)".
  • "O crescimento moderno não se originou de incentivos melhores, e sim da criação de uma nova cultura econômica em sociedades como a Inglaterra e a Escócia. A Revolução Industrial ocorreu num cenário em que os incentivos institucionais básicos da economia se mantiveram inalterados (na verdade, foram piorando) por centenas de anos. Ela foi o produto de mudanças nas preferências econômicas das pessoas na Inglaterra, não de mudanças nas instituições".
  • "Os determinantes cruciais da riqueza e pobreza não são as diferenças em incentivos, mas a forma como as pessoas reagem a eles. Em economias bem-sucedidas, as pessoas trabalham arduamente, acumulam e inovam, mesmo quando seus incentivos são insuficientes. Em economias deficientes, as pessoas trabalham pouco, poupam pouco e usam técnicas ultrapassadas, mesmo quando os incentivos são satisfatórios. Para fazer as sociedades pobres crescerem, precisamos mudar sua cultura, não só as instituições e incentivos".
  • "Isso exige expor mais pessoas nas sociedades pobres à vida nas economias avançadas. Migrantes acostumados às condições das economias bem-sucedidas representam um núcleo potencial para a industrialização nas economias pobres. Esses trabalhadores, porém, geralmente escolhem permanecer nas economias ricas. Portanto, o problema está em planejar um fluxo suficiente de retorno de migrantes que experimentaram as condições de sociedades economicamente bem-sucedidas às sociedades pobres".
  • "Um programa como esse será mais eficaz do que tentar tornar os governos e instituições das sociedades pobres mais parecidos com os governos e instituições das economias avançadas. As pessoas vêm em primeiro lugar".

Sobre as polêmicas idéias de Clark a respeito do crescimento econômico, ver artigo de Nicholas Wade e comentário de David Warsh, ambos objeto de postagens anteriores neste blog.

1.10.07

Choque nos termos de troca (II)

Estimativas do impacto do choque favorável nos termos de troca sobre a balança comercial e a conta de transações correntes do Brasil, elaboradas pelo professor Nelson Marconi, da Fundação Getúlio Vargas e divulgadas hoje no Valor Econômico:
  • "De dezembro de 2002 a junho de 2007, os preços das exportações aumentaram 61,1%, enquanto o volume cresceu 56,6%. No caso das importações, as cotações subiram 41,8%, ao passo que o volume teve alta de 91%".
  • "Se os preços de exportações e importações tivessem se mantido nos níveis de dezembro de 2002, o saldo comercial positivo de US$ 20,6 bilhões, obtido no primeiro semestre de 2007, teria se reduzido para US$ 8,2 bilhões. Com isso, o saldo em conta corrente de janeiro a junho teria sido deficitário em US$ 8 bilhões, resultado muito diferente do superávit de US$ 4,4 bilhões ocorrido no período".
  • "Com as cotações de 2002, o superávit comercial de 2006 teria sido de US$ 24 bilhões, em lugar dos US$ 46,4 bilhões registrados, e o resultado em conta corrente teria sido negativo em US$ 8,8 bilhões e não superavitário em US$ 13,6 bilhões".
  • "Sob as mesmas hipóteses, a conta corrente de 2005, que foi superavitária em US$ 14 bilhões, teria apresentado um pequeno déficit de US$ 150 milhões".

Resultados de um exercício similar foram reproduzidos nesta postagem de julho.

29.9.07

O jogo da "caçada ao veado" e a riqueza das nações

Tim Harford, em sua coluna The Undercover Economist, publicada em Slate, explica a recente corrida contra o banco inglês Northern Rock como o resultado da decisão dos depositantes de trocar a "caça ao veado" pela "caça ao coelho", no jogo conhecido como "caçada ao veado".

Este jogo mostra que o bem estar social é maximizado quando existe cooperação, a qual, por sua vez, depende da confiança existente entre os jogadores.

Assim, ajudaria a explicar bem mais do que a estabilidade dos bancos ou as corridas contra eles. Segundo Harford, a diferença entre países que foram bem sucedidos em formalizar a confiança (ou seja, países cuja população "caça veados coletivamente") e os países que não conseguiram isso (países onde a população "caça coelhos individualmente") corresponde basicamente à diferença entre países ricos e pobres.

26.9.07

Crescimento (falta de) - ambiente de negócios (II)


"Em 121 países, o ambiente de negócios é mais favorável do que no Brasil. A conclusão é da edição 2008 do relatório 'Doing Business', divulgado pelo Banco Mundial e que reúne dados sobre 178 países. No novo ranking, o Brasil aparece atrás de economias como Uganda, Bangladesh e Nepal e até mesmo dos territórios palestinos da Cisjordânia e Gaza. Em relação ao ranking divulgado em 2006, o Brasil caiu uma posição (estava em 121). Na América Latina, o desempenho do Brasil fica na frente só de Equador, Bolívia e da Venezuela, que ocupa uma das últimas posições do ranking geral (172 ). O levantamento avalia os países a partir da dificuldade dos empresários em abrir um negócio, obter licenças de construção, contratar mão-de-obra, registrar propriedades e obter crédito. Também leva em consideração a proteção existente para os investidores, a carga tributária, a facilidade para exportar e importar, o respeito aos contratos e o grau de dificuldade para fechar uma empresa".

(Informações publicadas na edição de hoje do Valor Econômico).

Paradoxo da pirataria

Na coluna The Financial Page, da New Yorker, James Surowiecki explica porque, no setor de moda, a pirataria - a cópia de modelos - é benéfica para suas "vítimas".

23.9.07

Corrupção e educação

Da coluna de José Alexandre Scheinkman, na Folha de São Paulo de hoje:
  • "Edward Glaeser e Raven Saks, da Universidade Harvard, mostraram, em um working paper da NBER, a conexão entre baixo nível educacional e prevalência de práticas corruptas nos Estados Unidos".
  • "Os pesquisadores utilizaram dados sobre servidores públicos municipais, estaduais e federais que foram condenados pela justiça federal americana por um crime relacionado à corrupção entre 1990 e 2002".
  • "O número de condenações como proporção da população varia consideravelmente entre os estados. Nos atrasados Mississippi e Louisiana, a taxa de condenação foi de nove servidores públicos por 100 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional, enquanto em Oregon essa proporção foi menor que uma por 100 mil".
  • "Glaeser e Saks reconhecem que a corrupção provavelmente deprime os gastos em educação e que, portanto, a existência de uma correlação entre educação e honestidade dos servidores públicos não indica necessariamente que o baixo nível educacional cause um aumento na corrupção. Por isso aplicaram uma série de testes estatísticos que sugerem que, de fato, menor educação gera mais corrupção".
  • "Os pesquisadores de Harvard também documentaram que os estados mais pobres são mais corruptos, mas que a educação dos habitantes de um estado é um determinante mais importante do índice de corrupção do que a renda".

22.9.07

Redução da pobreza no Brasil (II)


  • O número de miseráveis no Brasil se reduziu em 5,9 milhões entre 2005 e 2006, uma queda de 14%, segundo pesquisa da Fundação Getulio Vargas, baseada em dados da PNAD. Foram contabilizadas 36,1 milhões de pessoas vivendo em condição miserável no país, no ano passado. Em 2005, eram 42,0 milhões.
  • Os miseráveis representavam 19,3% da população em 2006, a menor taxa desde 1992 (35,2%). Em 2005, o percentual era de 22,8%. O gráfico acima, publicado no Valor Econômico, mostra a evolução deste indicador entre 1992 e 2006.
  • Diferenças nos critérios adotados para classificar quem é pobre ou miserável explicam as disparidades entre a pesquisa do IETS, mencionada em postagem anterior, e esta pesquisa da FGV. Por exemplo, para a FGV, os miseráveis na Região Metropolitana de São Paulo são definidos como as pessoas que vivem em domicílios com rendimento per capita inferior a R$ 125. Para a mesma região metopolitana, o IETS utilizou como linha de pobreza o rendimento domiciliar per capita de R$ 266,15.
  • A desigualdade também manteve sua trajetória de queda em 2006, segundo a FGV - o índice de Gini da renda per capita dos domicílios baixou de 0,568, em 2005, para 0,562, em 2006.

Transição demográfica no Brasil


Naércio Menezes discute, em sua coluna na edição deste fim de semana do Valor Econômico, os números da "transição demográfica" no Brasil:
  • "A figura acima mostra a evolução recente e as projeções de tamanho da população brasileira dividida em três faixas etárias. A população de jovens (0 a 24 anos de idade), que vinha crescendo há muito tempo, atingiu seu ponto mais elevado em 2007, ficará estável por mais 20 anos ao nível de 87 milhões e passará a declinar partir de 2027. A população de adultos (25 a 64 anos) continuará crescendo a taxas elevadas (mas decrescentes) por mais 40 anos, quando então se estabilizará. Já a população de idosos (mais de 64 anos) aumentará a taxas crescentes, chegando a 49 milhões de pessoas em 2050".

  • "Os dados mais recentes mostram que a mulher brasileira tem, em média, 2,1 filhos. Isto significa que o Brasil já atingiu a chamada taxa de reposição, ou seja, se esta taxa permanecer constante, a população brasileira deve parar de crescer a partir de meados deste século".

  • "A taxa de fecundidade deverá cair ainda mais, graças ao avanço educacional. As mulheres com menos de três anos de escolaridade média têm, em média, 3,3 filhos, enquanto as mais escolarizadas (com pelo menos o ensino médio) têm apenas 1,6 filho. Esta diferença provoca uma diminuição da renda per capita das famílias mais pobres, logo a redução da taxa de fecundidade que ainda continua a ocorrer nestas famílias (se voluntária) é bem-vinda".

  • "O Brasil já deixou de aproveitar grande parte da 'janela de oportunidade', trazida pela transição demográfica e relacionada com o fato de que os adultos tendem a ser mais produtivos e a acumular mais capital do que os jovens e idosos. O aumento da informalidade, do desemprego e dos gastos sociais com idosos, resultados da Constituição de 1988, impediu que aproveitássemos integralmente este dividendo demográfico para acelerar nosso crescimento econômico".

Sobre este assunto, ver postagens anteriores relativas a artigo de Malcolm Gladwell e ao conhecido estudo de David Blomm e David Canning. Informações sobre o caso brasileiro podem também ser obtidas nesta postagem de fevereiro.

19.9.07

Crescimento (falta de) - educação (IV)

Informações publicadas em editorial na edição de hoje da Folha de São Paulo:
"De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o número de estudantes do ensino médio caiu 0,9% no Brasil, de 2005 para 2006. O valor percentual baixo pode sugerir que tenha havido apenas flutuação estatística, mas a quantidade de matrículas no ensino médio deveria aumentar, e não diminuir. A taxa de escolarização na faixa etária correspondente (82,5%, de 15 a 17 anos) está longe da universalização obtida no ensino fundamental (97,7%, de 7 a 14 anos). O indicador vinha melhorando nos anos 1990, até atingir 81,1% em 2001. Desde então, estagnou entre 81% e 82,5%. De acordo com o Censo Escolar do Ministério da Educação, essa taxa bruta de escolarização oculta que apenas 53% dos 8,9 milhões de matriculados estão na faixa etária correta. Há 4,1 milhões de estudantes secundários com 18 anos ou mais que isso, por força de reprovações. A contrapartida é que 3,6 milhões de jovens de 15 a 17 anos, que deveriam cursar o ensino médio, ainda marcavam passo no fundamental, em 2006. A taxa de reprovação é de 11,5%, e a de abandono, de 15,3%. O ensino médio no Brasil vive uma grave crise".

Redução da pobreza no Brasil (I)

Estimativas de Sônia Rocha, economista do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, sobre a evolução recente da pobreza no Brasil, publicadas pela Folha de São Paulo:
  • "Em 2006, a pobreza atingia 26,9% da população brasileira. É o mais baixo índice desde 1987. Em 2005, a proporção de pobres ficou em 30,5%. Em 1995, a pobreza chegava a 33,2%".
  • "Em números absolutos, houve queda de 10,6% no contingente de pobres no país - de 54,9 milhões de pessoas em 2005 para 49,0 milhões em 2006. Ou seja, em um ano, 5,9 milhões de brasileiros ultrapassaram a linha da pobreza".
  • "O total de indigentes também baixou - de 6,8% da população em 2005 para 5,7% em 2006. Em todo o Brasil, o número de miseráveis caiu de 12,2 milhões para 10,4 milhões".
  • "Se a pobreza cedeu no país como um todo, houve concentração nas áreas urbanas, em especial nas grandes metrópoles. Do total de pobres em 2006, 36,3% estavam nas dez principais regiões metropolitanas. Esse percentual era menor em 1995: 28,8%. Em 2005, havia sido de 35,5%".

15.9.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - aquecimento global

Greg Mankiw tem promovido, no seu muito lido blog, a adoção de um imposto de Pigou como solução para o problema do excesso de emissões de carbono.

Os argumentos que tem levantado em favor desse imposto foram resumidos por Mankiw, em sua contribuição para a coluna Economic View, publicada hoje também em The New York Times.

Queda da mortalidade infantil

A mortalidade infantil no mundo, em 2005, alcançou 9,7 milhões crianças - a primeira vez em que esse número fica abaixo de 10 milhões, desde que registros começaram a ser mantidos, em 1960.

No início da década de 60, 20 milhões de crianças de menos de 5 anos morriam anualmente, em todo o mundo. Se a taxa de mortalidade infantil tivesse se mantido inalterada, o número para 2005 teria sido de 25 milhões.

As causas desta importante queda na mortalidade infantil foram discutidas em recente artigo em The New York Times.

10.9.07

Bolsa - Grande Empresa

Da coluna de Cláudio Haddad, na edição do Valor Econômico de 6 de setembro:
"Para se reduzir a carga tributária no Brasil, é imprescindível se iniciar uma discussão séria sobre o tamanho e a alocação dos gastos públicos. Nesta discussão, é fundamental incluir as renúncias fiscais e os subsídios invisíveis que transitam fora do orçamento, mas que aumentam a dívida pública e, consequentemente, as despesas com juros. Um exemplo de gasto invisível é o financiamento concedido pelo BNDES à TJLP. Entre junho de 2006 e de 2007, o saldo médio das operações de crédito do BNDES consolidado em moeda nacional (praticamente todas à TJLP) foi de R$ 111 bilhões. Neste mesmo período a Selic acumulada, taxa básica de captação do governo federal, ficou 5,86% acima da TJLP. Ou seja, em 12 meses essas operações transferiram como subsídio R$ 6,5 bilhões aos tomadores, igual a 70% do valor previsto para o Bolsa Família este ano, sendo que, dada a concentração de operações do banco, os dez maiores tomadores devem ter recebido mais de 50% deste valor. Justifica-se este subsídio, principalmente levando-se em conta que para os grandes tomadores o mercado de capitais já é uma alternativa viável? Por que proteger e subsidiar os tomadores daquele banco em detrimento de outras empresas, com projetos igualmente meritórios, cujos controladores têm de seguir regras rígidas de governança e diluir sua participação através de emissões primárias de ações? Por que os recursos para os primeiros teriam de vir do trabalhador e do governo quando poderiam ser providos por investidores em condições competitivas?"

Crescimento (falta de) - carga tributária (V)

A carga tributária no Brasil chegou a 34,23% do PIB, em 2006, de acordo com estimativa da Receita Federal.

Carga tributária como % do PIB - 2002 / 2006

2002 - 31,86
2003 - 31,46
2004 - 32,22
2005 - 33,38
2006 - 34,23

Fonte: Folha de São Paulo, edição de 22/08/2007.

2.9.07

Taxa de câmbio e política fiscal, de novo

Dani Rodrik argumenta, em artigo publicado recentemente no Valor Econômico, que uma moeda subvalorizada é fundamental para o crescimento econômico sustentado:
"Praticamente todos os casos de crescimento sustentável elevado têm sido acompanhados de uma taxa de câmbio real significativamente depreciada. Observando a experiência de mais de 100 países, apurei que cada 10% de subvalorização acrescenta 0,3 pontos percentuais ao crescimento. A subvalorização da moeda é um instrumento possante para o crescimento porque aumenta a rentabilidade dos setores industrial e agrícola não-tradicional, que são as atividades com o maior nível de produtividade de mão-de-obra e que também apresentam as mais velozes taxas de aumento de produtividade. Ela estimula a produção, ao contrário da supervalorização, que estimula o consumo. É importante compreender que este não é um problema de competência exclusiva do banco central. Manter uma moeda competitiva requer um aumento na poupança interna em relação ao investimento, ou uma diminuição nos gastos nacionais em relação à renda. Caso contrário, os ganhos de competitividade seriam anulados pela inflação ascendente. Isso significa que as autoridades fiscais têm uma grande responsabilidade: estabelecer uma meta de superávit fiscal que seja grande o suficiente para gerar o espaço necessário para a depreciação real do câmbio. Ninguém tem o direito de se queixar da política de 'moeda valorizada e alta taxa de juro' do banco central quando a política fiscal continua frouxa demais para permitir que as taxas de juros sejam reduzidas sem colocar em risco a estabilidade dos preços".
O mesmo argumento sobre a relação entre política fiscal e taxa de câmbio foi apresentado antes neste blog, em postagens de janeiro e abril.

28.8.07

Raízes da crise nos mercados financeiros

Da coluna de Yoshiaki Nakano, na edição de hoje do Valor Econômico:
"Com a pressão deflacionária exercida pela forte expansão da capacidade produtiva global e integração ao mercado internacional de centenas de milhões de trabalhadores chineses, indianos e do Leste Europeu, a curva de Phillips nas economias desenvolvidas se tornou mais horizontal. Tornou-se possível ter taxa de inflação muito baixa com níveis menores de desemprego. A combinação do regime de metas de inflação com o uso da regra de Taylor, de acordo com a qual controla-se apenas a taxa de juros, o que torna a expansão monetária e creditícia inteiramente endógena, ou seja, determinada pela demanda, levou a um grande aumento da liquidez e do crédito. Com o aparente sucesso da política monetária, a inflação de crédito e de preços dos ativos ficou de fora das preocupações dos bancos centrais".

24.8.07

Convergência de rendas per capita

  • O gráfico acima, extraído do paper de Robert Lucas mencionado na postagem anterior, mostra o conhecido resultado de ausência de convergência internacional de rendas per capita, fazendo uso de dados de Angus Maddison para 122 países, no período 1960-2000.
  • De acordo com Lucas, "os países ricos - principalmente Europa, América do Norte e Japão - apresentam todos taxas de crescimento da renda per capita próximas de 2%. Os países mais pobres - principalmente África e Ásia - apresentam uma variação extremada nas suas taxas de crescimento, desde o crescimento milagroso da Coréia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Singapura até a estagnação e mesmo crescimento negativo de alguns países africanos e asiáticos".

Difusão do desenvolvimento entre economias abertas

Robert Lucas, em um recém-publicado NBER Working Paper, propõe um modelo para explicar como a "revolução industrial" é difundida entre economias abertas, o qual se baseia nas seguintes hipóteses:

1. As economias são do tipo "AK", com o nível de produto per capita sendo proporcional ao estoque de conhecimento médio dos indivíduos.
2. A taxa de crescimento do estoque de conhecimento na economia líder é uma constante μ.
3. A taxa de crescimento do estoque de conhecimento nas economias seguidoras é μ (H/h)^θ, onde H é o estoque de conhecimento na economia líder e h é o estoque de conhecimento na economia seguidora.

Dado que H > h, a hipótese 3 implica que as economias seguidoras crescem a uma taxa superior a μ, tanto maior quanto maior o hiato (H/h) entre os níveis de conhecimento da economia líder e da economia seguidora.

A evidência empírica sugere que μ = 0,02 e θ = 0,67.

Calibrando o modelo com estes valores para os parâmetros μ e θ, é possível replicar bastante bem a relação entre o nível inicial e a taxa de crescimento da renda per capita do período 1960-2000, observada em 31 das 39 economias definidas como abertas na conhecida classificação de Sachs e Warner.

Este resultado é mostrado no gráfico, onde a curva com inclinação negativa representa os resultados da calibração descrita acima.

As 8 economias "fora da curva" correspondem principalmente a economias asiáticas bastante pobres, apesar de abertas. Para replicar a experiência de economias como estas, Lucas propõe uma versão modificada do modelo, em que a taxa de crescimento do estoque de conhecimento depende também de efeitos de aglomeração, sendo tanto mais reduzida quanto maior a parcela da população do país empregada na agricultura.

O modelo de Lucas supõe que todas as economias convergem para o nível de renda per capita da economia líder no longo prazo, mas, para as economias mais pobres, a convergência pode demorar mais de 2 séculos - "o crescimento econômico, mesmo sob condições ideais, é um processo lento".

19.8.07

Injeção de liquidez - como se faz

O Federal Reserve Bank injetou bilhões de dólares no sistema bancário americano, nos últimos dias, em vista dos problemas de liquidez que os bancos estão enfrentando. Artigos em Slate e em The New York Times explicam como esta injeção de liquidez é realizada.

Reciclando: manias, pânicos e quebras

Esta postagem anterior, feita em março e extraída de artigo de Aquiles Mosca, publicado no Valor Econômico, descreve o mecanismo de propagação de crises nos mercados de ações e ajuda a entender parte do que está acontecendo atualmente nestes mercados, mundo afora.

18.8.07

Produtividade no Brasil

Da coluna de Cláudio Haddad, no Valor Eonomico:

"São nove horas da manhã. Um caminhão velho, carregado de abacaxis, estaciona em local proibido, em uma rua movimentada de um bairro nobre de São Paulo. Uma tabuleta na traseira do caminhão indica ser aquele o 'abacaxi pérola da roça'. Em poucos instantes, é gerado um enorme congestionamento no local. Estimando-se, conservadoramente, o custo do tempo dos ocupantes dos veículos em R$ 60 por hora, o fluxo de veículos em 50 por minuto, a perda adicional de tempo provocada pelo caminhão em um minuto e considerando-se apenas um ocupante por veículo, o caminhão, em meia hora, teria provocado perdas de R$ 1.500. Ao preço de R$ 2 por abacaxi e uma margem de 50%, os donos do caminhão teriam de vender 3 mil abacaxis, provavelmente mais do que a carga do caminhão, para compensar o custo por eles produzido em meia hora. Atividades como essa, comuns nas cidades brasileiras, são rentáveis para quem as exerce e geram benefícios para os consumidores que as financiam. Mas geram custos significativos para o resto da sociedade, que, no entanto, são ignorados ou tolerados. No Brasil, infelizmente, a eficiência ainda é sacrificada pela ideologia, pela má compreensão do funcionamento do sistema econômico e por uma falsa 'preferência pelo excluído', cuja contrapartida é a alta tolerância com o ilícito".

Seleção natural e revolução industrial (II)

David Warsh também comenta, em economicprincipals, a hipótese de Gregory Clark sobre a relação entre seleção natural e revolução industrial, que foi objeto de uma postagem recente neste blog.

A resenha não é muito simpática ao livro de Clark, que Warsh considera uma tentativa de ressuscitar a abordagem social-darwinista.

Além disso, para Warsh, o argumento principal do livro nem seria originalmente de Clark, tendo sido proposto antes por Oded Galor, em um paper publicado em 2002 no Quarterly Journal of Economics.

Galor explicou sua "teoria evolucionária do crescimento" nesta entrevista.

8.8.07

Produtividade


O Bureau of Labor Statistics, órgão do governo americano, comparou a produtividade por trabalhador e a produtividade por hora dos EUA com a de outros países desenvolvidos.

O trabalhador americano produziu em média o equivalente a US$ 90 mil de produto em 2006, valor calculado em paridade de poder de compra. Somente os noruegueses tiveram um desempenho melhor - em parte, pelo menos, por causa da produção de petróleo.

Ao considerar o produto por hora, porém, o BLS verificou que noruegueses, belgas, holandeses e franceses superam os US$ 50 por hora dos americanos, como indica a tabela acima.

A tabela foi originalmente publicada em The Economist e reproduzida no Valor Econômico.

Estudo de caso para alunos de microeconomia - a tragédia de Congonhas (II)

Da coluna de Elio Gaspari, na edição de hoje da Folha São Paulo:

"Desde 1982, a literatura técnica ensinava que o movimento do aeroporto de Congonhas não podia passar da marca dos 14 milhões de passageiros /ano. Quando o Airbus da TAM explodiu, o movimento estava em 18 milhões".

Nesta outra postagem, o problema de super-utilização do aeroporto foi interpretado como um caso de "tragédia dos comuns".

7.8.07

Seleção natural e revolução industrial (I)

A revolução industrial resultou de um processo de seleção natural que levou a mudanças de comportamento entre a população da Inglaterra. A tese de Gregory Clark, da Universidade da Califórnia - Davis, é explicada em um artigo de Nicholas Wade, publicado na edição de hoje do New York Times.

Atraso de 83 anos

Quando as principais economias desenvolvidas alcançaram o atual patamar de renda per capita do Brasil?

De acordo com as estimativas de Angus Maddison, publicadas no livro "The world economy: historical statistics", as 7 maiores economias desenvolvidas chegaram à renda per capita brasileira de 2001 nos seguintes anos:

Reino Unido - 1918
Estados Unidos - 1918
Alemanha - 1941
França - 1951
Itália - 1959
Japão - 1964
Espanha - 1968

A renda per capita do Brasil em 2006 era apenas 9% maior do que em 2001, de modo que as informações de Maddison dão uma boa idéia do atraso em que ainda nos encontramos, em termos de renda.

6.8.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - a tragédia de Congonhas (I)

Em artigo na edição de hoje do Valor Econômico, Sérgio Werlang mostra que o excesso de tráfego aéreo no aeroporto de Congonhas, verificado até recentemente, é um exemplo da "tragédia dos comuns":
"Ficou claro [com o acidente da TAM] que havia excesso de vôos em Congonhas. Isto ocorreu porque não há sistema de preços para as janelas de pouso e decolagem. Simplesmente as companhias aéreas iam requisitando e obtendo licenças. O que deveria ser feito? As janelas não deveriam ser concedidas livremente, mas ter preço de mercado. Uma das formas possíveis é a ANAC determinar o limite seguro de operação de Congonhas e leiloar estes direitos. Assim, vários problemas seriam resolvidos. Primeiro, passageiros que quisessem o conforto de parar em Congonhas teriam que pagar mais por isso, uma vez que as companhias teriam pago pelos direitos de pouso e decolagem. Segundo, as linhas aéreas não usariam Congonhas para vôos de conexão, a não ser se fossem muito lucrativos - as conexões podem ser feitas em qualquer aeroporto onde haja mais vagas (nos EUA várias cidades não centrais são núcleos de conexão)".

4.8.07

Teoria econômica do vício

A teoria econômica do vício é o assunto discutido esta semana por Tim Harford, em sua coluna The Undercover Economist, publicada em Slate.

3.8.07

Declínio da violência em São Paulo

A incidência de homicídios dolosos caiu de 3.208 casos, no primeiro semestre de 2006, para 2.510 casos, em igual período de 2007 (redução de 21,8%), em São Paulo.

Este é um movimento que já dura oito anos. Em 1999, pico de homicídios, foram 12.818 mortes. Em 2006, o número e a taxa de assassinatos haviam caído mais de 50%.

Possíveis causas, segundo editorial publicado na edição de hoje da Folha de São Paulo, seriam:

  • Elevação do gasto em segurança pública, com o consequente aumento do número de detenções e condenações.
  • Melhora da distribuição de equipamentos públicos nas regiões violentas, decorrente da ação de governos e ONGs.
  • Campanhas pelo desarmamento.
  • Relativa recuperação do mercado de trabalho.
  • Envelhecimento da população e seu enraizamento, com o fim das grandes ondas de migração para os centros urbanos paulistas.

26.7.07

Crescimento (falta de) - abertura da economia (V)

Da coluna de Cláudio Hadad, na edição de hoje do Valor Econômico:

"O Brasil continua sendo uma das economias mais fechadas do mundo, como mostra o gráfico acima, comparando o Brasil com os demais BRICs e com a Argentina. Em 1990, a relação importações /PIB no Brasil era de apenas 7%, o que tornava o Brasil ainda mais fechado do que a Índia, conhecida por suas restrições ao comércio internacional. Quinze anos após o início do processo de abertura, aquela relação evoluiu para 8,4%, metade do valor argentino, quase um quarto do correspondente chinês e quase um terço do indiano".

Revisão pelos pares (II)

Avaliação do processo de revisão pelos pares feita por R. Preston McAfee, professor do California Institute of Technology, co-editor da American Economic Review por 9 anos e editor recém-indicado de Economic Inquiry, periódico da Western Economic Association, a associação dos economistas da costa oeste dos Estados Unidos:
"Journal time to publication lags have become embarrassing. Many authors have 5 year submission-to-print stories. More insidious, in my view, is the gradual morphing of the referees from evaluators to anonymous co-authors. Referees request increasingly extensive revisions. Usually these represent improvements, but the process takes a lot of time and effort, and the end result is often worse owing to its committee-design. Authors, knowing referees will make them rewrite the paper, are sometimes sloppy with the submission. This feedback loop - submitting a sloppy paper since referees will require rewriting, combined with a need to fix all the sloppiness - has led to our current misery. Moreover, the expectation that referees will rewrite papers, combined with sloppy submissions, makes refereeing extraordinarily unpleasant. We - the efficiency-obsessed academic discipline - have the least efficient publication process".

25.7.07

Revisão pelos pares (I)

Glenn Ellison mostra, em um recém-publicado working paper da NBER, que, na última década, houve um declínio na proporção de papers nos principais periódicos da área de Economia escritos por economistas dos departamentos melhor rankeados.

Segundo Ellison, a principal explicação para isso parece ser que a Internet aumentou a capacidade de autores conhecidos e importantes disseminarem seu trabalho sem ter que enfrentar o processo tradicional de revisão pelos pares.

24.7.07

Crescimento (falta de) - investimento público

Estudo de José Roberto Afonso e Geraldo Biasoto Jr., publicado pelo BNDES, revela que os investimentos do setor público brasileiro (administração direta e empresas estatais) caíram de 4,3% do PIB em 1995 para 2,7% em 2003. Reduziram-se não apenas as despesas das empresas estatais (algumas privatizadas) como também os investimentos diretos das três esferas de governo. Considerando apenas os gastos públicos em infra-estrutura, eles diminuíram de 2,4% do PIB em 1995 para 1% em 2003. Em termos internacionais, observa-se que a Tailândia aloca 7,7% do PIB em investimentos públicos; a Coréia, 5,4%; a Turquia, 4,6%; e o México, 3,8%.

(Informações publicadas na edição de hoje da Folha de São Paulo).

21.7.07

"Bombando" com causa? (II)

A melhora dos termos de troca - aumento de 8% no acumulado de quatro trimestres para os bens e serviços não fatores - gerou uma transferência de renda do exterior para a economia brasileira de cerca de 1% do PIB.

Este choque favorável, também mencionado antes aqui, ao eliminar a "vulnerabilidade externa", criou as condições para a retomada do crescimento econômico no Brasil? Prosseguir com as reformas liberais se tornou desnecessário, pelo menos no que diz respeito ao crescimento?

Para alguns economistas, a resposta é sim - veja, por exemplo, esta postagem anterior.

Armando Castelar Pinheiro expressou suas dúvidas a respeito, na edição do Valor Economico deste fim de semana:

  • "No último triênio o aumento da utilização da capacidade instalada adicionou 0,6 ponto percentual ao ano ao crescimento do PIB. A utilização já está, porém, próxima do seu limite".
  • "Metade do crescimento do PIB em 2004-06 resultou do aumento da produtividade total dos fatores. Uma boa parte desse aumento refletiu a recuperação cíclica: no triênio anterior a PTF ficara estagnada, depois de cair 0,8% ao ano em 1998-2000".
  • "A baixa taxa de poupança limita o ritmo de expansão da capacidade de produção. Mantidas por cinco anos as taxas de crescimento do PIB (3,8%), da FBCF (7,7%) e do consumo privado (4,8%) e público (3,4%) observadas nos últimos quatro trimestres, a taxa de investimento iria a 20% do PIB. Mas a taxa de poupança cairia para 17% do PIB, exigindo uma poupança externa de 3% do PIB. Um cenário talvez viável em cinco anos, mas explosivo em dez".

18.7.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - "corrida armamentista"

Em artigo publicado na New Yorker, James Surowiecki discute dois casos de "corrida armamentista": uso de capacetes por jogadores de hóquei e compra de automóveis por consumidores nos Estados Unidos.

15.7.07

Crime e prosperidade das cidades

Da coluna de José Alexandre Scheinkman, na Folha de São Paulo de hoje:
  • "As medições dos custos econômicos diretos do crime no Brasil sugerem um quadro assustador. Há cerca de 50 mil vítimas de homicídio a cada ano no país; muitas dessas com 15 a 29 anos de idade. O país perde o produto que o 'capital humano' desses jovens poderia gerar. Essas perdas, somadas a outras como, por exemplo, os custos hospitalares das vítimas e as despesas com segurança, podem totalizar 5% do PIB, de acordo com uma recente publicação do Ipea".
  • "É preciso considerar ainda o impacto indireto do crime sobre o desenvolvimento das cidades. No passado, as aglomerações urbanas bem-sucedidas eram importantes centros de manufatura e comércio. Mudanças na tecnologia de transporte e comunicação permitiram a descentralização da produção e afetaram profundamente as cidades. Por exemplo, as cidades americanas que lograram prosperar, no período mais recente, se converteram em centros de indústrias do conhecimento. Essas atividades precisam de uma força de trabalho educada, que quer viver em um local com boas escolas, fácil acesso a serviços culturais e diversão e baixa criminalidade. A segurança é um elemento crucial nas estratégias de crescimento das cidades mais bem-sucedidas. Steve Levitt, da Universidade de Chicago, mostrou que nos Estados Unidos a criminalidade tem um impacto negativo no crescimento das cidades e um relatório preliminar do National Bureau of Economic Research documenta que também no Brasil a violência, medida pela taxa de homicídios, afeta negativamente o crescimento das cidades".
  • "A evidência empírica aponta que o baixo nível educacional e a enorme desigualdade são causas relevantes da criminalidade no Brasil, mas que o alto grau de impunidade dos criminosos tem ainda mais importância. Enquanto nos Estados Unidos em 65% dos homicídios um acusado é levado a julgamento, no Rio de Janeiro menos de 3% desses crimes são elucidados".

Teoria e política

Os avanços da teoria macroeconômica verificados nos últimos 30 anos tiveram alguma influência sobre a condução da política macroeconômica?

Muita influência, segundo argumentam V. V. Chari e Patrick Kehoe, em artigo em The Region, revista da seção de Minneapolis do Federal Reserve Bank.

Quase nenhuma influência, para Greg Mankiw, conforme se mencionou nesta outra postagem.

12.7.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - indivíduos raciocinais pensam na margem

Devido à oferta insuficiente de gás natural na Argentina, o governo concedeu subsídios às empresas petrolíferas para que vendessem gasolina ao mesmo preço do gás natural, ou seja, por metade do preço normal, para táxis e fretes.

A Folha de São Paulo relata, em sua edição de hoje, o que está acontecendo nos postos de gasolina de Buenos Aires:

"Franco Duarte, um dos taxistas que faziam fila ontem à tarde em um dos cerca de 200 postos habilitados no país para vender gasolina à metade do preço para taxistas, resumia: 'A economia com a gasolina eu perco com as horas que eu não trabalho aqui, nesta fila. Amanhã vou abastecer ao preço normal'. Duarte, como outros, passou mais de quatro horas em uma fila à espera de abastecer um limite máximo de 40 litros. Rubén Soler era outro motorista que lamentava o tempo perdido, calculando que poderia ganhar até 40 pesos no período - exatamente o valor que era autorizado a abastecer".

Isso é precisamente o que prediz a teoria econômica - as filas nos postos tendem para um tamanho tal que o custo de oportunidade do tempo passado nelas, somado ao preço subsidiado, equivale ao preço não subsidiado.

11.7.07

Borboletas birmanesas e meta de inflação no Brasil

Qual a meta de inflação estabelecida pelo governo para 2009? Alexandre Schwartzman tenta esclarecer esta questão em sua coluna na edição de hoje da Folha de São Paulo:
"O anúncio da meta de inflação para 2009 (4,5%, porém permitindo ao BC buscar um número mais baixo, desde que as condições macroeconômicas permitam e a Lua se alinhe a Escorpião, mas apenas se a migração das borboletas birmanesas não for prejudicada pela menstruação das lhamas) criou certa confusão acerca do objetivo de política monetária. O BC buscará 4,5% de inflação? 4%? Outro número? Quem souber a resposta ganha as obras completas do ministro da Fazenda sobre política monetária, ainda não coloridas".
No restante do artigo, Schwartzman explica porque ter uma meta claramente definida para a taxa de inflação é condição necessária para a boa condução da política monetária.

Índice Big Mac e valorização do real


O índice Big Mac, de The Economist, sugere que o real está atualmente sobrevalorizado em 6%.

Segundo Sérgio Werlang, em artigo recente no Valor Econômico, há quatro razões para a sobrevalorização do real:

(1) o preço elevado das commodities no mercado internacional, que também causou a valorização das moedas de outros países como Chile, Austrália, Nova Zelândia e Canadá.

(2) a taxa de juros de curto prazo, que ainda está muito acima do nível de longo prazo.

(3) as restrições à saída de capitais do país, impostas pela legislação.

(4) o elevado grau de protecionismo - o Brasil é uma das economias mais fechadas do mundo para a importação de mercadorias.

(Clique com o mouse na figura, para melhor visualização).

A grande moderação

Nos últimos vinte e cinco anos, além do mais rápido crescimento da renda média mundial já ocorrido na história, observou-se uma notável redução da volatidade das taxas de crescimento do PIB, de desemprego e de inflação nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, fenômeno que tem sido designado como "a grande moderação".

Bradford DeLong, em artigo no Valor Econômico, propõe a seguinte explicação:
"Os bancos centrais finalmente aprenderam como fazer seu trabalho. Antes de 1985, os bancos centrais mudavam seus objetivos de um ano para outro. Num ano, podiam tentar controlar a inflação, quando no ano anterior haviam buscado reduzir o desemprego; no ano seguinte, podiam tentar baixar os custos do refinanciamento da dívida pública e um ano depois preocupar-se em manter o câmbio em determinado valor preferido pelos dirigentes políticos. Somada aos choques normais que afligem a economia mundial, essa fonte de volatilidade desestabilizadora criou o mundo instável anterior a 1985. Para explicar a 'grande moderação', faríamos bem em apostar na teoria segundo a qual nossos bancos centrais são hoje mais hábeis, têm visão de maior alcance e são menos tendentes a pular de galho em galho na floresta do curto prazo ou a serem empurrados para cá e para lá pelos dirigentes políticos que, imprevisivelmente, mudam os objetivos a serem perseguidos ano após ano".

8.7.07

Choque nos termos de troca (I)

Que importância tem o choque internacional de preços na explicação do atual desempenho da balança comercial brasileira e, portanto, do período de bonança econômica que o país atravessa?

A FIESP simulou o que aconteceria com a balança comercial se os preços de importação e exportação estivessem na sua média histórica do período 1980 - 2007, com as quantidades exportadas e importadas permanecendo no nível registrado no acumulado de 12 meses até maio de 2007.

Nessa simulação, ocorreria uma queda do valor das exportações de 28%, de US$ 148 bilhões para US$ 106,8 bilhões. No caso das importações, a redução seria de 15,5%, de US$ 100,5 bilhões para US$ 85 bilhões. O saldo comercial cairia de US$ 47,5 bilhões para US$ 22 bilhões, enquanto o saldo em transações correntes passaria de um superávit de US$ 16 bilhões para um déficit de US$ 9,7 bilhões.

Estas informações foram publicadas na edição de hoje da Folha de São Paulo.

7.7.07

Protecionismo, a chave do atraso

Da coluna de Cláudio Haddad, no Valor Econômico:
"Com a entrada da China e de outros países emergentes no mercado mundial, o Brasil perde vantagem comparativa em diversos produtos industriais. Somente por preço não há como competir no segmento de manufaturados padronizados. Em produtos intensivos em trabalho porque o custo da mão-de-obra na China é de R$ 1,50 por hora, para uma jornada de 60 horas por semana, e em produtos intensivos em capital porque lá a poupança é 40% do PIB, o dobro da nossa. A concorrência, para ser efetiva, tem de se dar em outro nível (design, marketing, conteúdo tecnológico) ou em produtos intensivos em recursos naturais, onde temos clara vantagem. A concorrência chinesa é predatória? De forma alguma. São diferenças em disponibilidade de fatores de produção que impulsionam boa parte do comércio internacional. Se todo país quisesse 'neutralizá-las' através de tarifas e subsídios, o mundo caminharia para a autarquia e não haveria progresso. À parte os concorrentes domésticos, o fato de a China poder nos vender produtos a custo muito abaixo do nosso, liberando os recursos escassos do país para outras atividades mais produtivas, deveria ser motivo de satisfação. Mas é o contrário que se vê. O protecionismo volta à carga. Sob o pretexto da valorização cambial e com o apoio da atual equipe econômica, algumas empresas estão conseguindo reverter o processo de abertura comercial iniciado há 15 anos. Ao aumentar o nível de proteção, o governo contribui para valorizar ainda mais o câmbio, prejudicando justamente os setores mais eficientes da economia, capazes de exportar. Desenvolvimento ocorre quando os produtivos são premiados e os improdutivos alijados do mercado. Retirar dos primeiros para dar aos últimos é a chave do atraso".

6.7.07

Ranking de programas de economia no Brasil (I)

Um grupo de pesquisadores vinculados à EPGE / FGV - RJ, coordenado por João Victor Issler, elaborou um ranking dos 31 programas de pós-graduação em economia do Brasil, baseado nas publicações do corpo docente permanente dos programas, no período 2004 / 2006.

Duas classificações foram produzidas - uma utilizando medidas de impacto dos periódicos adotadas internacionalmente e a outra, os critérios da CAPES.

O ranking derivado das medidas internacionais de impacto é mostrado abaixo, com a classificação dos programas baseada nos critérios da CAPES sendo também informada entre parenteses.

Apesar da grande divergência observada entre as duas classificações, 7 programas aparecem entre os top ten em ambas as listas, com a UFPR (06), UFF (09) e UFES (10) tendo sido os outros três programas incluídos entre os 10 melhores segundo os critérios da CAPES.

Apenas um programa brasileiro consegue se classificar entre os 200 melhores do mundo de acordo com os critérios internacionais - a EPGE / FGV, que apareceria em 145º lugar em tal ranking, imediatamente acima da Universidade de Wyoming - Estados Unidos.

A versão completa do artigo pode ser obtida através deste link.

Ranking dos programas de pós-graduação em Economia no Brasil -
Pontuação média dos docentes permanentes - 2004 / 06

01. EGPGE - FGV (02)
02. IBMEC - RJ (05)
03. PUC - RJ (08)
04. IBMEC - SP (04)
05. USP - IPE (01)
06. UCB (07)
07. USP - RP (13)
08. UNB (03)
09. UNICAMP (11)
10. UFPE (18)

29.6.07

Mudanças demográficas e saldos em conta corrente

Diferenças nas taxas de envelhecimento da população entre os países explicam, em boa parte, o padrão de déficits e superávits em conta corrente observado internacionalmente. Tais déficits e superávits, em lugar de constituir "desequilíbrios", podem ser o resultado desejável de um comportamento otimizador. Este argumento foi apresentado por William Poole, do Federal Reserve Bank of Saint Louis, em palestra para a American European Community Association, realizada em abril.

28.6.07

O bilhao de baixo

Para Paul Collier, diretor do Center for the Study of African Economies da Universidade de Oxford, nem Jeffrey Sachs nem William Easterly sabem como "salvar a África" ou o "bilhão de baixo" - o sexto mais pobre da população mundial. A receita de Collier, proposta em um novo livro, é discutida por Niall Fergusson nesta resenha para o New York Times.

27.6.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - imposto sobre a altura

N. Mankiw e Matthew Weinzierl sugerem em um paper recente que a análise utilitarista da política tributária, de acordo com a qual a maximização do bem estar social requer que a renda pós-impostos de todos os indivíduos seja igual, implica a cobrança de um imposto sobre a altura.

Nos Estados Unidos, uma pessoa de estatura elevada ganhando 75 mil dolares por ano deveria pagar 4,5 mil dolares em impostos a mais do que uma pessoa de baixa estatura.

Este resultado, segundo os autores, decorre necessariamente da abordagem utilitarista convencional relativa ao desenho da política tributária ótima e da regularidade empírica segundo a qual, coeteris paribus, a renda das pessoas está fortemente correlacionada com sua altura.

22.6.07

Crescimento (falta de) - fim da serie?


Da coluna de Cristiano Romero, no Valor Econômico - edição de 20 de junho de 2007:
"A taxa de crescimento do PIB potencial brasileiro é 3,8% ao ano, segundo estimativa do economista José Ronaldo de Castro Souza Jr., do Ipea. O número é um ponto percentual superior ao que vinha sendo considerado antes de o IBGE mudar a metodologia de cálculo das contas nacionais (2,9%). O aperfeiçoamento do cálculo do PIB lançou luz sobre aspectos importantes da economia brasileira. Mostrou que o estoque de capital vinha crescendo a uma taxa menor que a imaginada. A produtividade, por sua vez, está evoluindo a uma taxa bem maior - 1,3% ao ano, em lugar de 0,6%. Antes da mudança de metodologia, a taxa de investimento da economia foi estimada em 20,6% do PIB em 2006. Com a revisão, recuou para 16,8%. O dado positivo, e que explica a elevação do PIB potencial, é que a taxa de investimento está em franca aceleração já há algum tempo. O dólar barato está tendo um papel importante nesse processo ao permitir a compra de máquinas e equipamentos mais modernos, o que contribui para o aumento da produtividade da economia e, conseqüentemente, do potencial de crescimento".
Sobre as estimativas anteriores de taxa de crescimento do estoque de capital e da PTF no Brasil, ver esta postagem.

17.6.07

Pobreza no mundo

Dois importantes papers sobre a pobreza no mundo:

Xavier Sala-i-Martin - The world distribution of income: falling poverty and ... convergence, period.

Shahoua Chen e Martin Ravallion - Absolute poverty measures for the developing world 1981-2004.

"Bombando" com causa? (I)

Ao contrário de Delfim Neto (vide postagem anterior), Luiz Carlos Mendonça de Barros, em artigo publicado na edição de 25 de maio da Folha de São Paulo, argumentou que a economia brasileira está "bombando" com causa:
"Os obstáculos ao crescimento sempre citados por economistas da academia e do mercado - o risco jurídico dos contratos, a elevada e ineficiente carga tributária, o crescimento dos gastos públicos, os déficits crescentes da Previdência e o baixo investimento do governo em infra-estrutura - não foram superados. Apesar da importância destes obstáculos para o desenvolvimento de uma economia de mercado moderna, não eram eles que limitavam o crescimento. A dificuldade em crescer estava na fragilidade de nossas contas externas, a qual começou a mudar a partir de 2003, com as alterações no comércio internacional provocadas pela ascensão econômica da China. Nossas exportações passaram a crescer de forma extraordinária, impulsionadas por volumes maiores e pelo aumento significativo de preços. O resultado foi a elevação das reservas externas. Em um momento de extraordinária liquidez internacional e com a busca de rendimentos mais elevados pelos investidores mais agressivos, os juros pagos pelos títulos brasileiros passaram a ser extremamente atrativos. Inicialmente, tivemos uma corrida aos papéis denominados em dólares, provocando uma queda contínua e acentuada do risco Brasil. Em um segundo movimento, iniciado em meados de 2006, os investidores passam a trocar dólares por reais e a investir em títulos da dívida interna. Com isso, está se criando um mercado de títulos de longo prazo até aqui desconhecido por nós. Essa conjugação de moeda forte, aparecimento de um mercado financeiro de prazos mais longos e juros reais bem mais razoáveis está permitindo ao empresário brasileiro voltar a investir".

Crescimento (falta de) - infraestrutura social


Diagnóstico feito por Delfim Neto, na edição de 12 de junho do Valor Economico, sobre a qualidade da política e das instituições econômicas no Brasil, o que Charles Jones chama, em seu manual de crescimento econômico, de "infraestrutura social":
  • "Temos a maior carga tributária para países com a nossa renda per capita. Esta carga tributária elevada está associada a um crescimento medíocre, revelado pelos números dentro dos pequenos círculos, no gráfico acima".
  • "Quanto à eficiência dos gastos públicos, o Brasil é o 119º classificado entre os 125 países examinados pelo World Economic Forum - 2007".
  • "Ocupamos o 79º lugar entre os 125 países analisados pelo World Economic Forum - 2006, no que diz respeito a infra-estrutura (energia, transportes etc.)".
  • "O Brasil é o 124º colocado entre os 125 países analisados pelo World Economic Forum com relação ao 'peso da regulação governamental' e o 119º colocado entre 155 países analisados no Doing Business 2005, do Banco Mundial, com relação à 'facilidade de produzir'".
  • "Somos o 92º país entre 125 com relação à independência do Judiciário, segundo a avaliação do World Economic Forum - 2006".
  • "Tem havido violação crescente e cada vez mais freqüente à propriedade privada física e temos respeitado pouco a propriedade intelectual".
  • "Já faz muito tempo que a insensatez de alguns governos locais transacionou o monopólio da força com o jogo, a droga e a bandidagem. Hoje, pelo menos no Rio, em São Paulo e em Pernambuco há dois 'Estados': um legal e outro marginal".

Para o autor, "os fatos acima sugerem que o Brasil está 'bombando' sem causa" - o ritmo atual de crescimento do PIB, nas condições descritas, é o verdadeiro milagre brasileiro.

16.6.07

Mais sobre cisnes negros

Tyler Cowen publicou resenha do novo livro de Nassim Nicholas Taleb - The Black Swan, em Slate.

Mais sobre o livro nesta outra postagem.

15.6.07

Desigualdade de oportunidades e discriminação racial

A desigualdade de oportunidades entre brancos e negros no Brasil se deve a discriminação racial? Abaixo a resposta oferecida a esta questão por Carlos Antonio Costa Ribeiro, professor do IUPERJ, em artigo publicado na edição de hoje da Folha de São Paulo:
"Para os filhos de trabalhadores pouco qualificados, não há diferença nas chances de ascensão social entre brancos, pretos e pardos, ou seja, as chances são igualmente ruins para todos no Brasil. A desigualdade de oportunidade para esses indivíduos pobres depende principalmente de sua origem de classe. A partir do momento em que as pessoas completam o segundo grau, o efeito de sua classe de origem diminui e a desigualdade nas chances de mobilidade entre brancos, pardos e pretos aumenta. Esses resultados são evidência de que, nesses níveis mais altos da sociedade, há desigualdade de oportunidades entre brancos e não-brancos. Será que é a discriminação racial que faz com que exista esse tipo de desigualdade? Não tenho resposta para essa última pergunta. Existe discriminação racial quando um empregador decide contratar um branco em vez de um preto somente por causa da cor da pele dos dois. Os dados estatísticos que utilizo não permitem dizer que isso ocorre. Temos que tomar cuidado para não confundir desigualdade com discriminação. Antes de entendermos quais são os mecanismos que levam a essa desigualdade, devemos tomar muito cuidado ao adotar políticas de promoção da igualdade entre brancos e não-brancos. No atual estágio de conhecimento, talvez seja melhor fazer tais políticas levando em conta uma série de características dos indivíduos, e não apenas a cor de sua pele".
A pesquisa de Ribeiro está reportada no paper Classe, Raça e Mobilidade Social no Brasil.

7.6.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - "loura burra"

Robert Frank explica hoje, na coluna Economic Scene do New York Times, em que sentido as louras são "burras" e qual a racionalidade econômica para isso.

3.6.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - excedentes do consumidor e do produtor

Por que consumidor e produtor, ao concluir uma transação, trocam agradecimentos?

O motivo, segundo explica John Stossel neste artigo, é que ambos ganham com a troca - o consumidor paga pelo bem menos do que este vale para ele e o vendedor recebe mais do que lhe custou produzir o bem, ou seja, ambos se apropriam de um excedente.

A sugestão de leitura é de Greg Mankiw em seu blog.

2.6.07

Crescimento (falta de) - educação (III)

Segundo Naércio Menezes, em sua coluna no Valor Econômico, o processo de inclusão educacional iniciado nos anos 90 no Brasil mostra sinais de esgotamento:

  • "O número de matrículas no ensino médio passou de 4 milhões em 1992 para 9 milhões em 2003, mas tem permanecido estagnado desde então".
  • "A taxa de escolarização líquida, que indica o porcentual da população de 15 a 17 anos de idade que está matriculada no ensino médio, passou de 18% em 1992 para 45% em 2005, mas também mostra sinais de estagnação".
  • "A porcentagem dos jovens de 15 a 17 anos de idade que 'só' estuda passou de 40% em 1992 para 60% em 2001 e permaneceu neste nível a partir daí. Já a parcela que estuda e trabalha permaneceu estável em torno de 20% nos últimos 10 anos, de tal forma que, em 2005, cerca de 20% dos jovens nesta faixa etária estavam fora da escola. Dentre esses, 10% trabalhavam em tempo integral e 10% não trabalhavam nem estudavam".
  • "O aumento das matrículas no ensino médio a partir dos anos 90 foi causado principalmente pelo aumento da escolaridade das mães, diminuição da defasagem idade-série no ensino fundamental e aumento do número de concluintes neste ciclo. Já a estagnação das matrículas no período recente foi causada principalmente pela diminuição do número de concluintes no ensino fundamental, devido ao aumento da taxa de repetência".
  • "A taxa de repetência reduziu-se drasticamente no Brasil entre 1981 e 1998, ficou praticamente constante entre 1998 e 2003 e aumentou novamente a partir de 2003. O aumento aconteceu basicamente devido à eliminação do mecanismo de progressão continuada em alguns Estados e à volta do regime seriado. A evasão escolar, como sempre, acompanhou de perto o comportamento da repetência".

31.5.07

Conquista da América

Meu amigo Jorge Santana enviou o link para este belíssimo site sobre a conquista da Taça Libertadores da América pelo Cruzeiro em 1976.

Jorge sabe tudo sobre o Cruzeiro - ontem e hoje - e conta no seu blog.

27.5.07

Estudo de caso para alunos de microeconomia - elasticidade-preço da demanda por gasolina

Em artigo publicado no New York Times em outubro de 2005, Alan Krueger discutiu porque a demanda nos Estados Unidos reagiu pouco ao aumento de preços da gasolina verificado nos últimos anos e examinou as medidas que o governo poderia tomar para reduzir o consumo do combustível.

Rigidez nominal de preços

O preço da Coca Cola nos Estados Unidos ficou congelado em 5 centavos por mais de 60 anos, desde seu lançamento em 1886. Tim Harford tratou deste caso e de outros exemplos de rigidez nominal de preços, em recente coluna em Slate.

Contabilidade do crescimento - China e Índia (II)

Contabilidade do crescimento chinês e indiano, segundo Eliana Cardoso, no Valor Econômico:
"É um mito explicar o crescimento da China pela acumulação de capital. O fato é que, entre 1978 e 2004, mais da metade do crescimento per capita ao ano (quatro pontos de 7,3%) derivaram do crescimento da produtividade e dos ganhos educacionais. Algo parecido ocorreu na Índia, no mesmo período: dois pontos percentuais da taxa de crescimento per capita anual de 3,3% derivaram do aumento da produtividade e da educação. Como o aumento da produtividade torna o investimento mais lucrativo e induz mais investimentos, é ainda mais importante do que o registro da contabilidade".
As estimativas foram extraídas do artigo 'Accounting for Growth', de Barry Bosworth e Susan Collins, publicado na seríe de working papers da NBER.

Estudo de caso para alunos de microeconomia - preços de congestionamento

Dois artigos sobre a proposta de cobrança de preços de congestionamento ("congestion pricing") em Nova Iorque, recentemente apresentada pelo prefeito da cidade:

Robert Frank - A sensible solution to thin traffic and one for easing concerns about fairness.

Elizabeth Kolbert - Don't drive, he said.

24.5.07

Crescimento (falta de) - investimento e consumo do governo


Estudo do ABN Amro, reportado em artigo no Valor Econômico, sugere a existência de uma relação inversa entre consumo do governo e investimento:

"Em 2006, o consumo do governo no Brasil atingiu 19,9% do PIB, quase sete pontos percentuais acima da média de 13% observada na Argentina, Chile, Colômbia e México. Esses números tornam fácil entender por que o investimento no Brasil ficou em 16,8% do PIB no ano passado, tão mais baixo que a média de 23,5% do PIB observada naqueles países".