26.12.11

Crescimento da população em idade ativa

Crescimento da população em idade
ativa (15 a 64 anos) no Brasil - % ao ano

1980 / 1990 - 2,6%
1990 / 2000 - 2,3%
2000 / 2010 - 1,6%
2010 / 2020 - 1,2%
2020 / 2030 - 0,3%

Fonte: IBGE

24.12.11

Custos da mão de obra industrial no Brasil

Dados reportados em artido de Alex Ribeiro, na edição do Valor Econômico deste fim de semana:
"Os custos de mão de obra industrial no Brasil subiram 24% em 2010, para US$ 10,08 a hora, puxados pela valorização do câmbio e aumento real de salários, mostram estatísticas compiladas pelo Departamento do Trabalho dos Estados Unidos, que comparam 34 das mais importantes economias industriais do mundo. Ainda assim, o Brasil tem custo de mão de obra industrial maior que apenas 6 dos países incluídos na amostra, entre eles a Polônia (US$ 8,01 a hora) e o México (US$ 6,23). O custo mais baixo é nas Filipinas, com US$ 1,90 a hora. Por deficiências estatísticas, o levantamento não inclui Índia e China, mas as indicações são de que nesses países os custos são bem mais baixos do que no Brasil. O custo mais alto de mão de obra é o da Noruega, com US$ 57,53 por hora, num conceito que inclui salários pagos aos trabalhadores e benefícios. Nos Estados Unidos, o custo médio é de US$ 34,74 a hora, o que representa mais de três vezes o custo de produzir no Brasil. A Argentina tem custo pouco mais alto que o Brasil, com US$ 12,66 a hora".

Lei da oferta e da procura


Como se vê na fotografia acima, a mercadoria em questão, cujo preço foi reduzido em 74%, padece de insuficiência de demanda.

16.12.11

Economistas e teoria econômica - a má reputação é merecida

Economistas talvez sejam free riders natos. Estudar teoria econômica pode transfomar bons cidadãos em  free riders. Leia aqui.

Adendo: N. G. Mankiw comenta o artigo nesta postagem.

13.11.11

Taxa de matrícula no ensino superior no Brasil

Informações de editorial da Folha de São Paulo -10 de novembro de 2011:
"De acordo com dados do Censo da Educação Superior de 2010, o número de alunos em algum curso de graduação já soma 6,4 milhões de estudantes, no Brasil. Em uma década, a alta foi de 110%. Entretanto, nossa taxa de escolarização bruta no ensino superior (a relação entre o número de alunos matriculados e a população de 18 a 24 anos) é de 36% (dados de 2009), praticamente a mesma do Paraguai (37%) e bem abaixo dos 59% do Chile ou 69% da Argentina. Quando a comparação é com os países desenvolvidos, o fosso se aprofunda. Na Espanha, são 73%, nos EUA, 89% e, na Finlândia, 92%".

29.10.11

Determinantes do hiato de produtividade entre o Brasil e os Estados Unidos

Por que a produtividade do trabalho (Y/h) no Brasil equivale a apenas 17,1% da produtividade americana (10,59 dólares por hora, em comparação com 61,75 dólares por hora, em 2010)?

Para responder a esta pergunta, faz-se uso da decomposição proposta por Hall e Jones (1999), derivada do modelo de crescimento de Solow, ampliado para incorporar a contribuição do capital humano.

Na decomposição de Hall e Jones (1999), supõe-se que a função de produção é do tipo Cobb-Douglas, sendo o produto por hora dado por

(Y/h) = A (e ^ r u) {(K/Y) ^ [(a/(1 - a)]}

onde

A = produtividade total dos fatores (PTF)
K = estoque de capital físico
e ^ r u = capital humano por trabalhador
r = retornos da educação
u = escolarização média

Seguindo Hall e Jones (1999), admite-se:

• participação do capital na renda (a) de 1/3.

• retornos da educação decrescentes e equivalentes a 13,4% para os primeiros 4 anos de escolarização, 10,1% para os 4 anos seguintes e 6,8% para os anos restantes.

• relação capital-produto no Brasil equivalente a 76,2% da americana.

Para estimativa do capital humano por trabalhador, dados os retornos acima mencionados, recorreu-se ainda a Barro e Lee (2011), que reportam 7,178 anos e 13,27 anos como a escolaridade média da população de 25 anos e mais no Brasil e nos Estados Unidos, respectivamente, em 2010.

Tomando-se o valor para os Estados Unidos como equivalente a 1, as estimativas para o Brasil dos três termos que compõem a equação (1) foram:

A = 0,305
e ^ ru = 0,643
(K/Y) ^ [a/(1 - a)] = 0,873

Assim, se a relação capital-produto no Brasil fosse igual à dos Estados Unidos, tudo o mais constante, o produto por hora brasileiro seria 19,6% do americano (em lugar de 17,1%), enquanto a razão entre as produtividades do trabalho, obtida atribuindo-se ao Brasil o mesmo capital humano e produtividade total dos fatores dos Estados Unidos, seria 26,6% e 56,1%, respectivamente.

Em outras palavras, seria possível mais do que triplicar a produtividade do trabalho no Brasil se a economia brasileira apresentasse o mesmo nível de eficiência produtiva alcançado pela economia americana, enquanto o impacto sobre o produto por hora de elevar para o nível americano os valores da relação capital-produto e do capital humano por trabalhador seria de 15% e 56%, respectivamente.

Este exercício sugere, portanto, que a diferença na produtividade do trabalho entre o Brasil e os Estados Unidos se deve fundamentalmente à ineficiência na utilização de fatores de produção no Brasil.

Tal conclusão não se alteraria substancialmente caso se adotasse: (i) a estimativa de Heston, Summers e Aten (2011) de 19% para a razão entre os produtos por hora brasileiro e americano em 2009, (ii) o valor de 0,4 para a participação do capital na renda, sugerido por Ferreira, Pessoa e Veloso (2011), e (iii) uma estimativa algo inferior à de Hall e Jones (1999) para a relação capital-produto no Brasil (66,7% da americana). Nesse caso, a produtividade total dos fatores no Brasil corresponderia a 38,7% do que é observado nos Estados Unidos, continuando a explicar a maior parte do hiato do produto por hora.

A estimativa de uma PTF no Brasil equivalente a 30,5% (38,7%) da PTF americana foi obtida, seguindo Hall e Jones (1999), a partir da função de produção agregada com progresso técnico Solow-neutro, isto é, da função Y= (K^a) [A (e^ru) h]^(1-a). Caso se tivesse adotado, neste exercício, a função de produção agregada com progresso técnico Hicks-neutro, isto é, a função Y= A (K^a) [(e^ru) h]^(1-a), a estimativa da PTF brasileira corresponderia a 45% (56,6%) da PTF dos Estados Unidos.


Referências

Barro, R. e J. Lee (2011). Barro-Lee Education Attainment Data Set.

The Conference Board (2011). Total Economy Database.

Ferreira, P., S. Pessoa e F. Veloso (2011). On the Evolution of TFP in Latin America. EPGE Ensaios Econômicos no. 723.

Hall, R. e C. Jones (1999). Why Do Some Countries Produce So Much More Output Per Worker Than Others? The Quarterly Journal of Economics, 114(1), pags. 83-116.

Heston, A., R. Summers e B. Aten (2011). Penn World Table Version 7.0, Center for International Comparisons of Production, Income and Prices at the University of Pennsylvania.

Maddison, A. (2010). Historical Statistics of the World Economy 1-2008 AD.

25.10.11

Determinantes da diferença de renda per capita entre o Brasil e os Estados Unidos



     Hiato de renda Brasil - Estados Unidos   2010 (US$ 2011) 
 Variável            Brasil    Estados Unidos
 PIB (Y)    US$ 1,968 trilhões US$ 14,723 trilhões
 População (POP)        201,1 milhões      308,9 milhões
 Horas trabalhadas (h)        185,9 bilhões      238,4 bilhões
 Emprego        101 milhões      140,7 milhões
 Y/POP      US$ 9.787     US$ 47.663
 Y/h      US$ 10,59     US$ 61,75
 h/L     1841 horas    1.695 horas
 L/POP           0,5         0,45


O PIB per capita pode ser decomposto em cinco fatores determinantes:

Y / POP = (Y / h) (h / L) (L / PEA) (PEA / PIA) (PIA / POP)

onde

Y = PIB
POP = população
h = total de horas trabalhadas
L = total de trabalhadores empregados
PEA = população economicamente ativa
PIA = população em idade ativa

sendo

Y / POP = PIB per capita
Y / h = produto por hora (produtividade do trabalho)
h / L = horas médias trabalhadas
L / PEA = taxa de emprego
PEA / PIA = taxa de atividade
PIA / POP = estrutura etária

A Total Economy Database traz informações relativas ao ano de 2010 para as variáveis Y, POP, h e L, o que possibilita decompor o hiato de renda per capita entre o Brasil e os Estados Unidos entre as diferenças na produtividade do trabalho (Y/h), horas médias trabalhadas (h/L) e proporção empregada da população total (L/POP).

Os dados mostrados na tabela acima indicam que o hiato de renda entre Brasil e Estados Unidos é mais do que explicado pelo hiato na produtividade do trabalho.

A produtividade do trabalho no Brasil alcançava apenas 17,1% da produtividade nos Estados Unidos, em 2010. A média maior de horas trabalhadas e a proporção mais elevada dos empregados na população total em relação aos Estados Unidos permitiram ao Brasil compensar um pouco a desvantagem no produto por hora e alcançar um PIB per capita equivalente a 20,5% do americano, em 2010.

23.10.11

Diferença de renda per capita entre o Brasil e os países desenvolvidos


Hiato de renda entre o Brasil e os países desenvolvidos

A tabela acima traz informações sobre o hiato de renda entre o Brasil, de um lado, e os Estados Unidos, as cinco maiores economias européias e o Japão, de outro, indicando em que ano os países selecionados alcançaram o nível de PIB per capita observado no Brasil em 2008. Assim, os Estados Unidos alcançaram o nível de renda brasileiro de 2008 em 1926, ou seja, 82 anos antes, e a Espanha em 1971, com uma antecedência de 37 anos.

Diferença de renda per capita entre o Brasil e os Estados Unidos



Razão entre os PIBs per capita do Brasil e dos Estados Unidos

Em 1820, o PIB per capita do Brasil correspondia a 51,4% do PIB per capita dos Estados Unidos.

A razão entre os PIBs per capita brasileiro e americano se reduziu a 29,2%, em 1870, e a 16,6%, em 1900, tendendo a permanecer em torno deste último valor até 1955 (média entre 1900 e 1955 equivalente a 16,7%), com desvios mais pronunciados apenas durante a Grande Depressão (22,5%, em 1933) e a Segunda Guerra Mundial (11,2%, em 1944) - ver o gráfico acima.

Ao longo do governo Kubitschek (1956 - 1961), o hiato de renda entre o Brasil e os Estados Unidos começou a se reduzir, processo interrompido pela recessão 1962/67, mas retomado a partir de 1968.

Devido ao acelerado crescimento econômico verificado durante o período do chamado "milagre econômico", o PIB por habitante do Brasil em 1980 equivalia ao dobro do seu valor em 1967, alcançando 28% do PIB por habitante dos Estados Unidos, nível que havia sido observado pela última vez um século antes, em 1878.

As décadas de 80 e 90 do século XX foram de divergência, com a razão entre os PIBs per capita declinando para menos de 20%, patamar do qual só começaria a se afastar novamente em 2007.

Fonte: Angus Maddison (2010). Historical statistics of the world economy 1 -2008 AD.

9.8.11

Distribuição geográfica do PIB mundial - 2010 (II) - ranking dos países

 

(Informações para o ano de 2018 podem ser obtidas aqui).

A tabela acima mostra a participação das 10 maiores economias nacionais no PIB mundial (um clique do mouse sobre a tabela permitirá melhor visualização).

Os 10 países listados respondem por 62% do PIB e 52% da população mundial.

A economia americana sozinha concentra 19% do PIB global, apresentando uma renda per capita 4,2 vezes maior do que a média mundial.

China e Índia, apesar de responderem juntas também por 19% do PIB mundial, são países bastante pobres, com rendas per capita correspondentes a 16% e 7,5%, respectivamente, da renda dos Estados Unidos.

O grupo de grandes economias desenvolvidas formado por Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália tem renda per capita no intervalo entre 66% e 80% da renda americana.

O Brasil é um país de renda média. Respondendo por perto de 3% tanto do PIB como da população mundial, possui uma renda per capita igual à média dos 180 países pesquisados e equivalente a 24% da renda americana.

As informações sobre PIB e população em que se baseia a tabela foram produzidas pelo Banco Mundial.

8.8.11

Distribuição geográfica do PIB mundial - 2010 (I)




(Informações para o ano de 2011 podem ser obtidas aqui).
 
A tabela acima foi construída a partir de informações produzidas pelo Banco Mundial sobre o PIB e população de 180 países, em 2010 (um clique do mouse sobre a tabela permitirá melhor visualização).

As estimativas para o valor em dólares do PIB dos países foram obtidas através de taxas de câmbio baseadas no conceito de paridade do poder de compra (PPC). Taxas de câmbio PPC, por atribuírem ao dólar o mesmo poder de compra em todos os países, possibilitam que se compare de maneira apropriada o produto de diferentes economias nacionais.

O PIB mundial alcançou o valor de 76,3 trilhões de dólares em 2010.

O PIB per capita mundial, dada a população, de 6,9 bilhões de pessoas, foi de 11 128 dólares, naquele ano.

Os países de alta renda concentram 55% da produção mundial e abrigam apenas 16,4% da população. Os países de renda baixa e média, onde residem 83,6% da população mundial, respondem por apenas 45% do produto.

A renda per capita dos Estados Unidos é 4,2 vezes maior do que a renda média mundial e 21 vezes maior do que a renda média da África Sub-Sahariana, a região mais pobre do planeta.

A América Latina e Caribe tem renda per capita praticamente equivalente à média mundial.

7.8.11

Mercado de casamentos

Robert Frank expõe como funciona o mercado de casamentos, na coluna Economic View deste domingo, em The New York Times. O modelo ajuda a explicar a revolução sexual dos anos 60 e o tamanho das residências e atitude em relação ao risco hoje na China.

25.7.11

Produtividade total dos fatores e crescimemto econômico na América Latina

O atraso das economias latinoamericanas se deve principalmente à ineficiência produtiva, não à falta de investimento, de acordo com Eduardo Lora e Carmen Pagés, economistas do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em artigo publicado na revista Finance and Development. Os determinantes da baixa produtividade total dos fatores na AL são analisados no artigo.

10.7.11

Mudança estrutural e aumento da produtividade

Margaret McMillan e Dani Rodrik argumentam, neste NBER Working Paper, que a diferença nas taxas de crescimento da produtividade do trabalho verificada entre a América Latina e a África, de um lado, e a Ásia Oriental, de outro, no período 1990/2005, se explica em boa medida por diferenças no padrão de "mudança estrutural", isto é, mudanças na composição do emprego. Na América Latina e África, a participação dos setores de baixa produtividade no emprego total aumentou, enquanto na Ásia Ocidental se reduziu. A "mudança estrutural" tende, em geral, a afetar negativamente o aumento da produtividade em países com vantagem comparativa em recursos naturais, moeda sobrevalorizada e mercados de trabalho pouco flexíveis.

28.6.11

Crescimento econômico durante o governo Lula - 2003/10

Durante o governo Lula, a taxa de crescimento do PIB no Brasil foi equivalente a pouco mais da metade da taxa de crescimento dos países emergentes e em desenvolvimento e semelhante à taxa de crescimento da economia mundial.

Taxa de crescimento do PIB - 2003/2010 (% ao ano)

Mundo - 3,87%
Emergentes e em Desenvolvimento - 6,75%
América Latina e Caribe - 4,07%
Brasil - 3,98%

Note-se que, excluído o Brasil do seu cômputo, a taxa de crescimento da América Latina e Caribe, entre 2003 e 2010, foi maior do que a registrada acima e, portanto, ficou ainda mais distante da taxa de crescimento brasileira.

Fonte: FMI - World Economic Outlook, Abril de 2011