22.9.19

Como narrativas afetam a atividade econômica

Os agentes econômicos privados – consumidores e empresários – utilizam narrativas para organizar os fragmentos de informação sobre a economia que colhem, de forma mais ou menos aleatória, junto a conhecidos, na imprensa ou nas redes sociais. Estas narrativas tendem a influenciar suas decisões e podem periodicamente se espalhar como epidemias (viralizar), afetando a atividade econômica, transformando expansões e recessões limitadas em flutuações de maior amplitude.

Esta idéia foi exposta por Robert Shiller, ganhador do Prêmio Nobel de Economia - 2013, no seu discurso presidencial para a American Economic Association, em 2017, e foi retomada agora por ele no livro "Narrative Economics: How Stories Go Viral and Drive Major Economic Events".

Uma breve apresentação dos argumentos do livro pelo próprio Shiller pode ser encontrada nesta palestra e em artigo publicado em The New York Times.

20.9.19

Automação e desemprego

A automação e os ganhos de produtividade a ela associados tendem a criar ou eliminar empregos?

De acordo com James Bessen, neste artigo publicado em Vox, o efeito do progresso técnico sobre o emprego varia ao longo do tempo.

Quando a produtividade começa se elevar em um setor de produção, a demanda pelo bem ou serviço, porque ainda se encontra, em larga medida, não atendida, tende a ser bastante elástica em relação ao preço, ou seja, aumenta significativamente, na medida em que custos de produção e preços se reduzem. Nesse período, ganhos de produtividade tendem a estar associados a aumento do emprego.

Com o passar do tempo, sendo progressivamente saciada, a demanda pelo bem ou serviço tende a se tornar menos sensível à redução de preços, de modo que ganhos de produtividade adicionais tendem a reduzir o emprego.

8.9.19

Distribuição geográfica do PIB mundial - 2018


O PIB mundial alcançou, em 2018, 136,5 trilhões de dólares americanos, com um valor por habitante de 17.971 dólares.

A tabela acima mostra a participação das 10 maiores economias nacionais no PIB mundial (um clique do mouse sobre a tabela permitirá melhor visualização).

Os países listados respondem por 61% do PIB e 53% da população mundial.

A economia chinesa ocupa o topo do ranking, respondendo por 18% do PIB global e apresentando uma renda per capita equivalente à média mundial e a 28% da renda per capita dos Estados Unidos, a maior, dentre as 10 economias que figuram na tabela.

O grupo de grandes economias desenvolvidas formado por Japão, Alemanha, Reino Unido e França tem renda per capita no intervalo entre 67% e 86% da renda por habitante americana.

O Brasil talvez não possa mais ser classificado como um país de renda média – sua renda per capita, depois de quatro anos de recessão e estagnação econômica, se encontrava, em 2018, 11% abaixo da média mundial.

As informações sobre PIB e população em que se baseia a tabela foram produzidas pelo Banco Mundial.

1.9.19

Renda per capita do Brasil - revisão da serie histórica pelo Projeto Maddison

A base de dados mais utilizada para comparações históricas de níveis de renda entre países é produzida pelo Projeto Maddison, sediado no Groningen Growth and Development Centre – Universidade de Groningen, na Holanda.

Na construção da última versão desta base de dados – a MPD 2018, uma nova abordagem, descrita  neste documento, foi adotada para a medição do PIB per capita dos países.

Primeiro, o índice GK (Geary-Khamis), utilizado nas versões anteriores da MPD para as comparações internacionais de preços, foi substituído pelo índice GEKS (Gini-Elteto-Koves-Szule). Como o índice GK tende a subestimar os preços nos países de baixa renda e, portanto, a superestimar os níveis de PIB per capita destes países, as diferenças de renda entre países pobres e ricos tendem a ser mais acentuadas na MPD 2018.

Além disso, na MPD 2018, as comparações de renda se basearam em um número maior de fontes de informação - estudos históricos sobre PIB real per capita, diferentes levantamentos do International Comparison Program (ICP) etc. No caso do Brasil, especificamente, além das Contas Nacionais, uma fonte adicional relevante foi a base de dados Barro-Ursua.

A MPD 2018 efetuou uma substancial revisão para baixo das estimativas de renda per capita do Brasil, o que é mostrado na figura, que apresenta a razão entre as rendas per capita do Brasil e dos Estados Unidos, no período 1870/2010, com os dados em azul tendo sido extraídos da MPD 2013 e os dados em vermelho, da MPD 2018 (serie CGDPPC).

Assim, por exemplo, para o ano de 1980, importante porque marca o final do "milagre econômico", a razão entre os PIBs per capita do Brasil e dos Estados Unidos foi estimada em 28% na MPD 2013 e em 17% na MPD 2018.

O memorando metodológico citado acima, em seu apêndice B, sugere que esta diferença pode ser explicada por:

(i) revisões das estimativas do PIB per capita do Brasil (62% da diferença) e dos Estados Unidos (25% da diferença), que envolveram redução do valor estimado do PIB per capita brasileiro e aumento do valor estimado do PIB per capita americano.

(ii) revisão para cima da estimativa da relação entre os níveis de preços do Brasil e dos Estados Unidos (13% da diferença), decorrente principalmente da substituição do índice GK pelo índice GEKS, no cômputo da paridade do poder de compra.