31.12.07

Distribuição geográfica do PIB mundial - 2005 (I)


(Informações atualizadas sobre a distribuição geográfica do PIB mundial, relativas ao ano de 2008, estão disponíveis aqui).

Em meados de dezembro, o Programa de Comparações Internacionais (ICP), projeto coordenado pelo Banco Mundial, divulgou novas estimativas do valor em dólares americanos do PIB de 146 países, obtidas a partir de taxas de câmbio baseadas no conceito de paridade do poder de compra (PPC).

Taxas de câmbio PPC, por atribuírem ao dólar o mesmo valor de compra em todos os países, possibilitam que se compare de maneira apropriada o produto das diferentes economias nacionais.

Os principais resultados do ICP são resumidos abaixo.
  • O PIB mundial alcançou o valor de 55 trilhões de dólares em 2005 - ano base do ICP. O PIB per capita mundial, dada a população de 6,13 bilhões de pessoas, foi de 8 972 dólares.
  • Perto de dois terços da produção da economia mundial estão concentrados nos 37 países europeus e nos 9 membros não europeus da OCDE. Dado que esses países respondem por apenas um quinto da população do mundo, sua renda per capita equivale a mais do que o triplo da média mundial, como mostra a tabela acima.
  • A renda per capita da Europa + OCDE é 14 vezes maior do que a da África, a região mais pobre do mundo.
  • A América do Sul e a Comunidade de Estados Independentes - CEI (formada por membros da ex-URSS) têm renda per capita próxima da média mundial.
  • A necessidade de se utilizar taxas de câmbio PPC em comparações internacionais é evidenciada pelos dados da última coluna da tabela. O nível de preços em dólares na África, Ásia / Pacífico, CEI e América do Sul é metade ou menos do nível de preços observado nos Estados Unidos, quando taxas de câmbio de mercado são utilizadas para converter os preços naquelas regiões para dólares.

30.12.07

Crescimento (falta de) - governo (I)

Celso Martone examina, na edição de dezembro do Boletim de Informações da FIPE-USP, as falhas institucionais que levam à hipertrofia e disfunção do setor público no Brasil, uma das principais causas, segundo o autor, das baixas taxas de crescimento econômico observadas no país, desde o início da década de 80.

Causas da Grande Depressão (I)

As causas da Grande Depressão de 1929 são discutidas por Vanessa Sumo, em artigo publicado em Region Focus, a revista do Federal Reserve Bank of Richmond.

O artigo mostra que, em quase oito décadas de debate, os economistas não alcançaram um consenso sobre os determinantes da Grande Depressão, o que, para a autora, é um reflexo de divergências mais gerais quanto à origem das flutuações macroeconômicas.

23.12.07

Ranking do futebol brasileiro (I)

A Folha de São Paulo publicou, na sua edição de hoje, um ranking dos times de futebol brasileiros, baseado no desempenho histórico dos clubes em campeonatos estaduais, regionais, nacionais e internacionais.

Aparecem entre os Top Ten, nesta ordem, São Paulo, Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Santos, Vasco, Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Fluminense. A competição, como se vê, não faz parte desta liga.

O líder do ranking, São Paulo, somou 881 pontos, enquanto o Cruzeiro alcançou 643 pontos.

A distância entre Cruzeiro e CAM é de 164 pontos, o equivalente à pontuação de 4 Mundiais Interclubes da FIFA ou de 23 campeonatos mineiros.

Estudo de caso para alunos de microeconomia - resoluções de ano novo

Além de recomendações sobre como melhor presentear (ver postagem anterior), a teoria econômica tem também lições a oferecer no que diz respeito a resoluções de ano novo, como mostra Tim Harford, em sua coluna The Undercover Economist, publicada em Slate.

Estudo de caso para alunos de microeconomia - como presentear com eficiência

Para quem ainda está em dúvida sobre como presentear, Surowiecki, Dubner e Levitt e Harford têm algumas sugestões.

15.12.07

Direita e esquerda

Greg Mankiw explica, nesta postagem do seu blog, em que consistem as diferenças de opinião sobre política econômica entre economistas "de direita" e "de esquerda".

A classificação se refere a economistas que, pelo menos, leram até o fim e entenderam o manual de introdução e, portanto, não se aplica a todos os portadores de diploma do lado de baixo do Equador (ou ao sul do Rio Grande).

9.12.07

Crescimento (falta de) - poupança

Da coluna de Armando Castelar Pinheiro, na edição do Valor Econômico deste fim de semana:
  • "A recuperação da formação bruta de capital fixo no último biênio, no Brasil, foi notável: um aumento médio anual de 9,4%, incrementando a taxa de investimento, a preços constantes de 2006, em 0,9% do PIB ao ano. Mantido o ritmo atual de expansão do investimento, em cerca de cinco anos o potencial de crescimento sustentado aumentará em um ponto percentual, para uma taxa entre 4,5% e 5% ao ano, o dobro do crescimento médio efetivo no último quarto de século".
  • "A nossa taxa de poupança, baixa e cadente, é, porém, um grande limitante à aceleração do crescimento no Brasil. Em 2005, ela caiu para apenas 17,3% do PIB, cerca de quatro pontos percentuais abaixo da média latino americana e muito menos que a registrada nos países asiáticos de alto crescimento. Em 2006 e 2007 ela deve ter diminuído ainda mais".
  • "Nos próximos anos, o consumo das famílias se expandirá cerca de 6% a 6,5% ao ano, turbinado pelo aumento do crédito e da massa salarial, assim como pela maior estabilidade macroeconômica, inclusive a queda do desemprego".
  • "O governo tem enfatizado a necessidade de novas contratações e do aumento do gasto corrente, de forma que o consumo do governo não deve cair abaixo dos 20% do PIB, patamar em que se mantém desde 1995".
  • "Dadas as taxas acima de crescimento do consumo privado e público e do investimento e mantidos os termos de troca no patamar atual, relativamente elevado em termos históricos, conclui-se que em 2011 o Brasil terá um déficit em conta corrente de 6,4% do PIB, com uma taxa de poupança bruta de 14,4% do PIB, semelhante à observada em 2000-02".
  • "Um cenário de aumento simultâneo da taxa de investimento e do consumo, como se projeta para o Brasil, tem como corolário déficits crescentes em conta corrente, começando já em 2008. Em algum momento, a expansão será interrompida por uma crise de financiamento externo, como outras vezes no passado".
  • "Ou se começa já a promover um aumento da poupança nacional, o que passa em especial pela elevação da poupança pública, ou não há como falar em uma trajetória de crescimento alto e sustentado no longo prazo".

Seleção natural e revolução industrial (III)

Mais duas resenhas do livro "A Farewell to Alms", de Gregory Clark:
  • de Benjamin Friedman, publicada na edição de hoje do New York Times (acesso gratuito).
  • de Robert Solow, publicada na edição de 22 de novembro da New York Review of Books (acesso ao custo de 3 dólares).
O livro já foi objeto de outras postagens neste blog - em 7 de agosto e 18 de agosto.

8.12.07

Crescimento (falta de) - educação (V)


Informações sobre o desempenho dos estudantes brasileiros no PISA 2006.


O que é o PISA

  • O objetivo do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), conduzido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é comparar o desempenho dos países na educação. Para isso, são aplicados, a cada três anos, testes a alunos de 15 anos nas nações que participam do programa.
  • O PISA analisou as habilidades de mais de 400 mil alunos em 57 países (30 membros da OCDE e 27 participantes voluntários, entre os quais o Brasil), em 2006.
  • A média dos alunos da OCDE foi de 498 pontos em matemática, 492 pontos em leitura e 500 pontos em ciências, no PISA 2006. Os países com média mais alta foram, respectivamente, Taiwan (549 pontos), Coréia (556 pontos) e Finlândia (563 pontos).

Desempenho dos estudantes brasileiros

  • No Brasil, fizeram o teste 9.295 alunos de 7ª ou 8ª série de 625 escolas públicas e privadas, situadas em 390 cidades.O Brasil obteve a 53ª posição em matemática, a 52ª em ciências e a 48ª em leitura, em 2006.
  • As notas brasileiras nas três últimas versões do teste são mostradas no quadro acima, publicado no jornal Valor Economico. Comparando o desempenho do Brasil nos exames de 2003 e 2006, a nota piorou em leitura, ficou estável em ciências e melhorou em matemática.
  • A maioria dos estudantes brasileiros não ultrapassa o menor nível de aprendizado nas disciplinas testadas. Numa escala que vai até seis, 73% dos brasileiros estão situados no nível um ou abaixo disso em matemática. Em ciências, essa proporção é de 61%. Na prova de leitura, para a qual a escala vai até cinco, 56% dos alunos brasileiros não conseguiram ultrapassar o nível um.
  • Na comparação envolvendo apenas os 5% melhores alunos de cada país participante, a posição do Brasil é a 51ª em ciências, a 45ª em leitura e a 53ª em matemática. Considerando os 5% piores alunos, a posição do Brasil é a 55ª em ciências, a 51ª em leitura e a 55ª em matemática.
  • Apesar de o Brasil apresentar uma das maiores desigualdades na distribuição das notas dos alunos, essa diferença diminuiu, de 2003 para 2006. A média dos estudantes que estavam entre os 5% piores teve ganho de 23 pontos em matemática e de 11 pontos em leitura. Entre os que estavam entre os 5% melhores, a média variou apenas 2 pontos em matemática e teve queda de 19 pontos em leitura.
  • O Brasil apresenta a maior distância no desempenho de escolas públicas e privadas, mas não ganha número significativo de posições no ranking quando só as particulares são consideradas.

Curva de Phillips - literatura recente

Richard Dennis discute a literatura recente relativa à Curva de Phillips Novo-Keynesiana, em uma Economic Letter do Federal Reserve Bank of San Francisco, publicada no final de novembro.

1.12.07

Retorno da educação no Brasil

Da coluna de Naércio Menezes, na edição do Valor Econômico deste fim de semana:
  • "Em 1981, o brasileiro típico (mediano) com mais de 25 anos de idade ganhava R$ 542 por mês (a preços de 2006), no seu trabalho principal. Em 1993, no auge do período inflacionário, o salário mediano era de apenas R$ 395. Já em 2006, o salário mensal do indivíduo típico atingiu o patamar de R$ 500 por mês. Se considerarmos os valores médios, ao invés de medianos, o salário era de R$ 996 mensais em 1981, R$ 789 em 1993 e R$ 947 em 2006. Assim, os salários em 2006 estavam próximos, mas ainda não haviam alcançado o valor vigente em 1981".
  • "O grupo de trabalhadores que mais sofreu perdas, entre 1981 e 2006, foram os trabalhadores com ensino médio. A oferta destes trabalhadores passou de 8% para 23% do total nos últimos 25 anos, o que fez com que eles se tornassem relativamente abundantes no mercado de trabalho, sem que tivesse havido um aumento das ocupações compatíveis com seu nível de escolaridade. Como resultado, seu salário relativo caiu e sua taxa de desemprego aumentou. Mesmo assim, o salário deste grupo é em média 76% maior do que o salário dos trabalhadores com ensino fundamental ou menos. Ainda vale a pena concluir o ensino médio".
  • "A grande diferença salarial está no ensino superior. As pessoas que chegam à faculdade têm em média uma remuneração 150% maior do que as que param no ensino médio (R$ 2.414 versus R$ 947 em 2006), diferencial que cresceu em relação a 1981, quando era de cerca de 100%. Este diferencial médio abarca os alunos de todas as faculdades públicas e privadas do país. O retorno para os alunos de cursos de boa qualidade é muito maior".
  • "Os dados estão dizendo que o mercado está precisando cada vez mais de trabalhadores com ensino superior e cada vez menos de trabalhadores que tenham apenas o ensino médio. Isto explica a proliferação de matrículas no ensino superior privado na última década, que passou de 1 milhão em 1993 para mais de três milhões em 2005. O mercado transmite o sinal e as pessoas reagem a ele".