28.7.19

Uso de "big data" no desenho de políticas sociais


As dezoito aulas do curso “Using big data to solve economic and social problems”, lecionado por Raj Chetty, na Universidade Harvard, estão disponíveis em vídeo aqui. Examinando temas como igualdade de oportunidade, educação, saúde, meio ambiente e justiça criminal, entre outros, o curso proporciona uma introdução aos métodos estatísticos básicos e às técnicas de análise de dados utilizadas na pesquisa em economia.

Em artigo, publicado em The New York Times, Chetty argumenta que, com a crescente disponibilidade de dados e a aplicação dos métodos e técnicas discutidas no curso mencionado acima, a economia tem se tornado cada vez mais uma disciplina essencialmente empírica e científica.

27.7.19

Crescimento econômico no Brasil desde 1850

A versão mais recente das estatísticas históricas sobre PIB per capita publicadas pelo Projeto Maddison, a MPD 2018, propôs uma revisão bastante significativa das estimativas de renda relativa para a América Latina e o Brasil*, nos últimos 170 anos.

De acordo com a MPD 2018, o PIB per capita do Brasil, em 1850, já estava reduzido a apenas 21% do PIB per capita dos Estados Unidos. No último quarto do século XIX, a divergência entre as rendas brasileira e americana se acentuou, como mostra o gráfico acima, com a razão entre elas permanecendo quase sempre abaixo de 10% durante a primeira metade do século XX.

A partir de 1945, com a aceleração do crescimento econômico no Brasil, este hiato se reduziu - o PIB per capita brasileiro se elevou a cerca de 17% do americano no anos 70 e se manteve, com oscilações, próximo desse nível durante as “décadas perdidas”.

Durante a expansão Lula, entre 2004 e 2010, a razão entre as rendas per capita do Brasil e Estados Unidos chegou a 29%, vindo, entretanto, a se reduzir, no período mais recente, em consequência da recessão brasileira de 2014-16.

* A respeito das mudanças metodológicas que motivaram tal revisão, consultar esta postagem.



13.7.19

Crescimento do PIB per capita no Brasil

"Entre 1985 e 2018, nosso PIB per capita cresceu à taxa média de 0,9% ao ano. Nesse mesmo período, observou-se uma alta média de 3,4% a.a. no PIB per capita dos países em desenvolvimento, de 1,6% a.a. no dos países ricos e de 1,2% a.a. no da América Latina, excluindo o Brasil. Caminhamos para deixar de ser um país de renda média e voltar a ser um país pobre" (Armando Castelar Pinheiro, Valor - 05/0/2019).

"Achatamento" da curva de Phillips

Desde 2010, a taxa de inflação nos Estados Unidos, medida pelo deflator das despesas de consumo pessoal, se situou quase sempre abaixo da meta de 2%, estabelecida pelo Federal Reserve (FED), apesar da acentuada redução da taxa de desemprego, de 10%, em 2010, para menos de 4%, em 2019, conforme mostra o gráfico abaixo.


Robert Barro, em artigo publicado pelo Project Syndicate, considera difícil compreender como o FED conseguiu manter a taxa de inflação neste intervalo de 1% - 2%, na última década, apenas manejando a federal funds rate (a taxa de juros básica americana, análoga à SELIC brasileira), um instrumento que a evidência empírica sugere ser fraco e ter efeitos bastante retardados sobre a inflação.

Segundo Barro, a explicação mais frequente, embora não muito satisfatória, para este enigma é que os agentes econômicos acreditam que, se a inflação se elevar substancialmente acima do intervalo 1,5% - 2%, o FED reagirá elevando dramaticamente a taxa de juros nominal e, da mesma forma, cortará a taxa de juros nominal (ou usará políticas monetárias alternativas, se a taxa de juros nominal chegar ao seu piso de zero), também de forma agressiva, quando a inflação cair bem abaixo da meta. Esta ameaça crível de reações extremas por parte do FED a um desvio significativo da inflação em relação a sua meta seria o que tem mantido a inflação americana tão bem comportada.

Além da firme ancoragem das expectativas inflacionárias, decorrente da credibilidade do FED, outras explicações têm sido propostas para a notável estabilidade da inflação nos Estados Unidos, mesmo no atual contexto de taxa de desemprego muito baixa.

Neste artigo, de autoria de economistas da Brookings Institution, o "achatamento" da curva de Phillips é atribuído à globalização, que permite às empresas multinacionais reagir à redução do desemprego nos Estados Unidos transferindo sua produção para o exterior, em lugar de pagar salários mais altos; à redução do poder de barganha dos sindicatos de trabalhadores; ao desemprego oculto, refletido na ainda relativamente baixa taxa de participação na força de trabalho; e à expansão do comércio eletrônico, que aumentou a eficiência e a transparência de preços no setor de varejo, gerando preços mais baixos.