24.2.08

Estudo de caso para alunos de microeconomia - companhias aéreas de baixas tarifas

As companhias aéreas de baixas tarifas utilizam com frequência uma estratégia de precificação conhecida na literatura microeconômica como tarifa em duas partes.

No caso específico destas empresas, a estratégia consiste em fixar uma "taxa de entrada" - a passagem aérea - baixa e cobrar do passageiro por praticamente todo e qualquer serviço, fora o vôo, que lhe seja prestado.

Este artigo, publicado na edição de hoje de The New York Times, apresenta vários exemplos interessantes.

A questão já havia sido objeto de uma postagem anterior do blog.

23.2.08

Economia comportamental (I)

Em The New Yorker - edição de 25 de fevereiro, resenha de dois novos livros sobre economia comportamental - "Predictably irrational: the hidden forces that shape our decisions", de Dan Ariely, e "Nudge: improving decisions about health, wealth and happiness", de Richard Thaler e Cass Sunstein.

20.2.08

"Ortodoxos" x "Desenvolvimentistas"

Edward Amadeo explica as diferenças entre economistas "ortodoxos" e "desenvolvimentistas", em sua coluna de hoje no Valor Econômico:
  • "Os economistas ortodoxos vêem a oferta agregada como mais ou menos independente da demanda agregada. A oferta é dada pela capacidade de produzir da economia, a qual depende do tamanho das fábricas e instalações, da força de trabalho e da produtividade. Os ortodoxos, ao explicar a evolução da capacidade de produzir, dão ênfase a fatores como ambiente de negócios (estabilidade das regras, pouca burocracia etc.), a concorrência que estimula inovações, a qualidade das relações de trabalho e da educação, que afetam a produtividade, e assim por diante. A demanda agregada tem seu outro conjunto de determinantes (juros e condições de crédito, confiança dos consumidores e empresários etc). Como os determinantes são diferentes, é razoável pensar que, em geral, a demanda e a capacidade de produzir sejam diferentes também e, quando a discrepância for grande ou persistente, a inflação faz o ajuste. Se a demanda é maior que a oferta, a inflação aumenta, e vice-versa".
  • "Ainda que os desenvolvimentistas vejam fatores independentes na determinação da oferta agregada, eles crêem que quanto maior for a demanda agregada, maior o incentivo ao aumento da oferta e que esse canal de influência é muito relevante. Se a demanda gera a sua própria oferta, pressões inflacionárias devido a excesso de demanda sobre a oferta são uma impossibilidade!"
  • "Para os ortodoxos, existe um lugar para a política monetária intervir, evitando que a demanda cresça mais rápido que a oferta. Para os desenvolvimentistas, o BC deveria ser passivo, deixando que a demanda siga seu caminho. Não há muito lugar para a política monetária e BC no paradigma desenvolvimentista".
  • "Existe um conceito que concilia as duas visões. Trata-se do 'acelerador do investimento', que diz que, quanto maior o crescimento da demanda, maior o incentivo para as empresas investirem. Os ortodoxos acreditam nisso, só que vêem limites para esse efeito e acham que correr o risco de alta da inflação ao apostar no funcionamento do acelerador pode produzir incertezas e instabilidade que terminam matando os incentivos para investir. Já os desenvolvimentistas dão muita importância a esse efeito e, por isso, cada vez que vêem o BC aumentando os juros, temem que ele esteja abortando a expansão do investimento".

17.2.08

Teoria econômica do crime

Angela Dills, Jeffrey Miron e Garrett Summers discutem, em um NBER Working Paper publicado em janeiro, o que os economistas sabem sobre o crime. A conclusão é "não muito".

Hipóteses que são validadas por dados para os Estados Unidos nas décadas mais recentes são rejeitadas quando períodos mais longos ou outros países que não os Estados Unidos são considerados. Este resultado foi obtido tanto para variáveis de política (por exemplo, prisões ou pena capital) como para fatores tais como legislação sobre controle de armas e aborto.

A única hipótese que parece consistente com os dados, segundo os autores, é que a proibição do comércio de drogas gera criminalidade.

9.2.08

Capitalismo e liberdade

Da coluna de Antônio Cícero, na edição de hoje da Folha de São Paulo:

"Dado que, no socialismo, as atividades econômicas não são realizadas tendo em vista a subsistência ou o lucro, é necessário que o partido - como diz uma enciclopédia publicada pelo Instituto Bibliográfico da extinta República Democrática Alemã -oriente a criação da 'unidade moral e política do povo', de modo que o trabalho se transforme 'de mero meio de subsistência em um assunto de honra'. No regime socialista, a intolerância em relação a heresias - ideologias alternativas, 'desvios', 'revisionismos' etc.- não é meramente acidental. A repressão a elas não se reduz a um mero estratagema político. Ela provém da necessidade estrutural de manter a unidade ideológica indispensável para o funcionamento da própria base econômica. Já o capitalismo funciona independentemente das idéias, concepções, religiões, atitudes, isto é, das ideologias, dos operários, capitalistas, técnicos, administradores ou consumidores que o fazem funcionar. Ainda que cada indivíduo pense e aja de uma maneira diferente de todos os outros, o capitalismo é capaz de prosperar, desde que seja observado de modo geral um mínimo de leis e regras formais de convivência. É exatamente por isso que ele é compatível com a maximização da liberdade individual, a sociedade aberta e o reformismo. O socialismo necessita, para o seu funcionamento, de uma ideologia particular, correspondente à sua base econômica, e que, por isso, não é capaz de tolerar ideologias alternativas. O capitalismo, porém, exatamente porque a sua base econômica opera a partir do puro interesse material, independentemente de qualquer ideologia particular, não necessita de nenhuma ideologia específica, de modo que é capaz de tolerar todas, inclusive as que lhe foram ou são hostis, como o catolicismo ou o marxismo-leninismo".

7.2.08

História dos bancos centrais

Michael Bordo, professor da Rutgers University, conta a história dos bancos centrais, desde os seus primórdios no século XVII, neste artigo, publicado em Economic Commentary, revista do Federal Reserve Bank of Cleveland.