29.8.13

Produtividade do trabalho no Brasil - dados da PWT 8.0


O produto por trabalhador (Y/L) praticamente quadruplicou (aumento de 3,8 vezes) no Brasil, entre 1950 e 1980, o que corresponde a uma taxa média anual de crescimento de 4,54% (ver gráfico)[1].

A produtividade do trabalho declinou acentuadamente na década de 80, com uma redução acumulada de 16%, entre 1980 e 1992. Embora tenha se recuperado a partir de 1993, ainda se encontrava em 2006 no mesmo patamar alcançado em 1980.

Entre 2007 e 2011, a produtividade do trabalho voltou a se elevar, apresentando, neste período, uma taxa de crescimento média de 2,10% ao ano.

Para o conjunto do período 1950/2011, a taxa média de crescimento anual do produto por trabalhador foi de 2,36%.

Tendo em conta a projeção para a taxa de crescimento da população em idade ativa (15 a 64 anos) de 1,0% ao ano, entre 2013 e 2020, mantidas a taxa de aumento da produtividade do trabalho observada entre 2007 e 2011 e a atual taxa de emprego (proporção dos empregados na população em idade ativa), a taxa de crescimento do PIB potencial no Brasil deverá se situar em torno de 3,0% ao ano, no restante da década.

Fonte dos dados: PWT 8.0


[1] Nestas estimativas, baseadas na série RGDPna da Penn World Table 8.0, não se desconta o efeito de mudanças nos termos de troca sobre o PIB e, portanto, sobre o produto por trabalhador.

3.8.13

Crescimento econômico no Brasil entre 2003 e 2011

De acordo com os dados da Penn World Table 8.0, o crescimento acumulado do PIB, no Brasil, durante o período 2003/2011 foi de 31,6%, implicando um aumento do PIB per capita de 20,0%, ou 2,04% ao ano.

No mesmo período, o crescimento acumulado do PIB por trabalhador foi de 6,0% (ou 0,65% ao ano), enquanto a proporção da população empregada aumentou de 45% para 51% (1,39% ao ano).

Duas conclusões importantes podem ser extraídas das informações acima:

(1) O crescimento do PIB por trabalhador no Brasil foi bastante baixo, entre 2003 e 2011. À taxa de crescimento anual observada neste período, são necessários 108 anos para dobrar o produto por trabalhador.

(2) Cerca de dois terços (68%) do crescimento do PIB per capita durante o governo Luís Inácio-Dilma se deveu ao aumento da proporção dos empregados na população total.

Note-se que os dados acima não captam integralmente a melhora do padrão de vida médio verificada no Brasil no período 2003/2011, porque refletem apenas o impacto do aumento da capacidade produtiva do país (medido pela série RGDPo, na Penn World Table 8.0) sobre o padrão de vida.

Como é bem sabido, o Brasil se beneficiou neste período de termos de troca favoráveis com o exterior, os quais na PWT 8.0 são levados em conta na série RGDPe[1]. O aumento acumulado da renda no Brasil, entre 2003 e 2011, quando o efeito dos termos de troca favoráveis é computado, o que corresponde à medida mais adequada da melhora do padrão de vida médio, foi de 39,6%, implicando um aumento per capita de 2,72% ao ano.

Em resumo, ao longo do período 2003/2001, tem-se no Brasil:

  • crescimento do produto por trabalhador (a) = 0,65% a.a.
  • crescimento da taxa de emprego – L/POP (b) = 1,39% a.a.
  • crescimento da renda per capita devido ao aumento da capacidade produtiva (a+b) = 2,04% a.a.
  • crescimento da renda per capita computado o efeito dos termos de troca favoráveis (c) = 2,72% a.a.
  • crescimento da população (d) = 1,03% a.a.
  • crescimento da renda total (c+d)= 3,78% a.a.
Assim, a expansão do emprego responde por cerca de metade da melhora do padrão de vida médio no Brasil, entre 2003 e 2011, com os ganhos de produtividade e os termos de troca com o exterior favoráveis respondendo, em proporção aproximadamente igual, pela outra metade daquela melhora.

Com o mercado de trabalho tendo se aproximado recentemente da situação de pleno emprego e sem a perspectiva de ganhos adicionais nos termos de troca com o exterior, a melhora do padrão de vida doravante dependerá principalmente do aumento da produtividade do trabalho, o qual, no entanto, como se mostrou acima, foi muito baixo na economia brasileira, na última década.



[1] Na definição adotada pela PWT 8.0, os termos de troca com o exterior são favoráveis a um país quando este exporta (importa) um dado produto a um preço maior (menor) do que o preço médio mundial.