A base de dados mais utilizada para comparações históricas
de níveis de renda entre países é produzida pelo Projeto Maddison, sediado no
Groningen Growth and Development Centre –
Universidade de Groningen, na Holanda.
Na construção da última versão desta base de dados – a
MPD 2018, uma nova abordagem, descrita
neste documento, foi adotada para a medição do PIB per capita dos
países.
Primeiro, o índice
GK (Geary-Khamis), utilizado nas versões anteriores da MPD para as comparações internacionais de preços, foi substituído pelo índice GEKS (Gini-Elteto-Koves-Szule).
Como o índice GK tende a subestimar os preços nos países de baixa renda e,
portanto, a superestimar os níveis de PIB per capita destes países, as diferenças
de renda entre países pobres e ricos tendem a ser mais acentuadas na MPD 2018.
Além disso, na MPD 2018, as comparações de renda se basearam
em um número maior de fontes de informação - estudos históricos sobre PIB real per capita, diferentes levantamentos do
International Comparison Program (ICP) etc. No caso do Brasil, especificamente, além das Contas Nacionais, uma fonte adicional relevante foi a
base de dados Barro-Ursua.
A MPD 2018 efetuou uma substancial revisão para
baixo das estimativas de renda per capita do Brasil, o que é mostrado na figura, que
apresenta a razão entre as rendas per capita do Brasil e dos Estados Unidos, no
período 1870/2010, com os dados em azul tendo sido extraídos da
MPD 2013 e
os dados em vermelho, da MPD 2018 (serie CGDPPC).
Assim, por exemplo, para o ano de 1980, importante porque marca o final do "milagre econômico", a razão entre os PIBs per capita do
Brasil e dos Estados Unidos foi estimada em 28% na MPD 2013 e em 17% na MPD 2018.
O memorando metodológico citado acima, em seu apêndice B, sugere que esta
diferença pode ser explicada por:
(i) revisões das estimativas do PIB per capita do Brasil (62% da diferença)
e dos Estados Unidos (25% da diferença), que envolveram redução do valor estimado do PIB per capita brasileiro e
aumento do valor estimado do PIB per capita americano.
(ii) revisão para cima da estimativa da relação entre os níveis
de preços do Brasil e dos Estados Unidos (13% da diferença), decorrente
principalmente da substituição do índice GK pelo índice GEKS, no cômputo da paridade do poder de compra.