9.12.07

Crescimento (falta de) - poupança

Da coluna de Armando Castelar Pinheiro, na edição do Valor Econômico deste fim de semana:
  • "A recuperação da formação bruta de capital fixo no último biênio, no Brasil, foi notável: um aumento médio anual de 9,4%, incrementando a taxa de investimento, a preços constantes de 2006, em 0,9% do PIB ao ano. Mantido o ritmo atual de expansão do investimento, em cerca de cinco anos o potencial de crescimento sustentado aumentará em um ponto percentual, para uma taxa entre 4,5% e 5% ao ano, o dobro do crescimento médio efetivo no último quarto de século".
  • "A nossa taxa de poupança, baixa e cadente, é, porém, um grande limitante à aceleração do crescimento no Brasil. Em 2005, ela caiu para apenas 17,3% do PIB, cerca de quatro pontos percentuais abaixo da média latino americana e muito menos que a registrada nos países asiáticos de alto crescimento. Em 2006 e 2007 ela deve ter diminuído ainda mais".
  • "Nos próximos anos, o consumo das famílias se expandirá cerca de 6% a 6,5% ao ano, turbinado pelo aumento do crédito e da massa salarial, assim como pela maior estabilidade macroeconômica, inclusive a queda do desemprego".
  • "O governo tem enfatizado a necessidade de novas contratações e do aumento do gasto corrente, de forma que o consumo do governo não deve cair abaixo dos 20% do PIB, patamar em que se mantém desde 1995".
  • "Dadas as taxas acima de crescimento do consumo privado e público e do investimento e mantidos os termos de troca no patamar atual, relativamente elevado em termos históricos, conclui-se que em 2011 o Brasil terá um déficit em conta corrente de 6,4% do PIB, com uma taxa de poupança bruta de 14,4% do PIB, semelhante à observada em 2000-02".
  • "Um cenário de aumento simultâneo da taxa de investimento e do consumo, como se projeta para o Brasil, tem como corolário déficits crescentes em conta corrente, começando já em 2008. Em algum momento, a expansão será interrompida por uma crise de financiamento externo, como outras vezes no passado".
  • "Ou se começa já a promover um aumento da poupança nacional, o que passa em especial pela elevação da poupança pública, ou não há como falar em uma trajetória de crescimento alto e sustentado no longo prazo".