"Os gastos correntes do governo no Brasil estão muito acima dos padrões internacionais, de acordo com
relatório do Programa de Comparações Internacionais (ICP), projeto coordenado pelo Banco Mundial. O ICP retirou dos gastos públicos aqueles que, como educação, saúde ou transferências, beneficiam diretamente a um indivíduo. O que resta são as despesas 'coletivas' do governo com a sua máquina burocrática: polícia, justiça, defesa etc. Quando se leva em conta apenas esses dispêndios, as sociais-democracias européias gastam relativamente pouco. Por exemplo, a Suécia emprega somente 9% do seu PIB nessas despesas coletivas. Em muitos casos, os países que exibem uma maior fração de gastos coletivos são aqueles que têm dispêndios militares importantes, como a China (20%), Israel (16%) ou Taiwan (16%). Uma exceção, infelizmente, é o Brasil, onde esses itens consomem 19% do PIB"
(José Alexandre Scheinkman, Folha de São Paulo - 30 de dezembro de 2007).
"Embora o PIB brasileiro corresponda a 2,9% do PIB global, o gasto do governo na provisão de serviços públicos equivale a 5% do total mundial, segundo o ICP. Somos o décimo maior PIB, mas o quarto maior gasto. Quando consideramos apenas os países com PIB acima de US$ 100 bilhões em 2005, o Brasil é o segundo colocado em termos de gastos com relação ao PIB, perdendo somente para a China, cujo dispêndio militar é muito superior ao nosso. Na América do Sul, excetuado o Brasil, o gasto médio é 11% do PIB; no Brasil, 19% do PIB. Números assim deveriam sepultar de vez teses esdrúxulas sobre o 'raquitismo' estatal brasileiro. A má qualidade dos serviços públicos não resulta de pouco gasto, mas da baixa produtividade"
(Alexandre Schwartzman, Folha de São Paulo - 26 de dezembro de 2007).