25.1.08

Criminalidade no Brasil (I)


Da coluna de Eliana Cardoso, no Valor Econômico - edição de 24 de janeiro de 2008:
  • "Em 2004, a taxa de 27 homicídios em 100 mil habitantes no Brasil era 30 ou 40 vezes superior às taxas da Inglaterra, Alemanha, Japão e Egito. Entre os brasileiros de 15 a 24 anos, a taxa de homicídio chegou a 52 em 100 mil jovens (cem vezes superior às taxas da Áustria e Japão)".
  • "Todos nós somos capazes de crimes e respondemos a incentivos. Mas a teoria do cálculo econômico não explica porque respondemos a incentivos de forma diferente. Na população total, 92% das vítimas são do sexo masculino (97% entre os jovens). A população negra tem 73% de vítimas a mais do que a população branca (83% a mais, entre jovens). Por que os homicídios ocorrem sobretudo entre os jovens? Por que são raros entre as mulheres? Por que as vítimas negras são mais comuns?"
  • "A massa carcerária no Brasil é composta por presos pobres. Isso nos faz suspeitar que a probabilidade de ser preso é maior para o pobre. Se o cálculo econômico está correto, o crime compensa apesar do castigo, porque para o pobre sem trabalho qualquer rendimento é precioso".
  • "De uma amostra de boletins de ocorrência de homicídio examinados em São Paulo, apenas 4,6% tiveram o autor e o motivo conhecidos e registrados. E 92% dos casos de homicídio no Rio de Janeiro foram devolvidos à polícia, por falta de provas para serem julgados. Se a probabilidade de prisão é baixa, a de morrer é muita alta para o jovem. Mas nem o pior dos castigos parece reduzir o crime. Talvez o bandido seja mais propenso ao risco do que o comum dos mortais. Talvez seja míope em relação ao futuro".
  • "O crescimento da violência no Brasil é conseqüência da criminalidade organizada em torno do tráfico de drogas".
  • "A cadeia, de um lado pune, mas de outro atua como escola do crime. Presos sem antecedentes criminais deveriam ficar em liberdade com monitoramento eletrônico. Em Buenos Aires, essa modalidade de condenação parece reduzir a reincidência, que é mais comum aos que cumprem pena atrás das grades".
  • "Programas que reduzem a criminalidade agem em muitas frentes e não se resumem à construção de mais cadeias. Em Bogotá, a taxa de homicídio, que era de 80 em 100 mil habitantes em 1993, caiu para 21 em 2004, graças a um programa integrado de saúde, recuperação dos espaços públicos, bibliotecas informatizadas nos bairros pobres e aperfeiçoamento do sistema judicial".