Da coluna de Affonso Celso Pastore e Maria Cristina Pinotti, na edição de 19 de maio do Valor Econômico:
"O pacote de incentivos ao investimento anunciado pelo Ministro da Fazenda tem o objetivo de elevar a taxa de investimento de 17,6% do PIB para 21% do PIB. Será que o crescimento do investimento pode ser financiado pelo aumento da poupança doméstica, ou precisará do crescimento da poupança externa? O gráfico acima ajuda a entender o que se passará. Nele estão superpostos a taxa de investimento (escala da direita) e as exportações líquidas (escala da esquerda), que seguem de perto a conta corrente. Esta correlação inversa nos diz que aumentos da taxa de investimento não têm sido seguidos por aumentos correspondentes da poupança doméstica, precisando do complemento da poupança externa. Se o mesmo padrão histórico for mantido, uma elevação de 3,5% do PIB na taxa de investimento requer uma elevação no mínimo de 3,5% do PIB no déficit em conta corrente. Esta elevação pode ser sustentável ou não, mas o melhor seria que o governo fizesse um esforço de elevar a poupança doméstica com o corte de seus gastos de consumo, rompendo com o padrão histórico que está por trás do gráfico".