Da coluna de Edward Amadeo, na edição de 14 de maio do Valor Econômico:
"No Brasil, chegará o dia em que nos perguntaremos se usamos da melhor forma a atual fase de vacas gordas. Por um lado, o governo Lula foi uma surpresa extraordinária pela prudência nas áreas fiscal e monetária. Por outro lado, o esforço do governo para aumentar a taxa de investimento não foi bem-sucedido. O investimento como porcentagem do PIB manteve-se praticamente inalterado em relação ao ano de 2001, quando da crise de energia. Iludidos com a preservação do superávit primário, analistas como eu viram no governo Lula uma alternativa ao velho populismo de esquerda latino-americano. Mas por trás do superávit se escondia a ausência de qualquer reforma relevante e um enorme aumento da arrecadação tributária inteiramente revertido em gastos com consumo e transferências. O Brasil, induzido pelo governo, consumiu boa parte das vacas gordas, em lugar de fazer uma política fiscal anti-cíclica. Foi privilegiado o consumo e a política fiscal pró-cíclica, sem melhora relevante do patamar de crescimento sustentável".