Na palestra mencionada na postagem anterior, Philippe Aghion
discutiu também a hipótese da “estagnação secular”, recentemente proposta por
alguns economistas.
De acordo com esta hipótese, a desaceleração da taxa de
crescimento da produtividade do trabalho, observada, nos últimos anos, nos
países desenvolvidos, reflete uma tendência de longo prazo – não vai mais haver
crescimento econômico acelerado, porque as inovações de maior impacto já
ocorreram.
Em relação a esta hipótese, Aghion contrapõe os seguintes
argumentos:
·
As novas tecnologias da informação e comunicação
não mudaram apenas a maneira de produzir bens e serviços, mas também a maneira
de produzir idéias. A tecnologia para produzir idéias nunca foi tão boa quanto
é hoje.
·
Continua a haver uma grande necessidade de
inovações, em áreas como saúde, energia renovável e outras, e os incentivos
para a inovação são imensos, porque os retornos da inovação nunca foram tão
grandes como são agora – graças à globalização, o mercado para uma grande
inovação é o mundo inteiro, de modo que os retornos são muito elevados.
·
Para muitos países, há ainda a vantagem do
atraso. Através de "reformas estruturais", é possível aumentar significativamente
a taxa de crescimento da produtividade, como fizeram recentemente a Suécia,
Holanda e Canadá.
·
Pode estar havendo problemas na mensuração do
crescimento econômico, levando à impressão errônea de que o crescimento
desacelerou. Quando um bem hoje custa mais do que outro bem que atendia a mesma
necessidade ontem, é preciso determinar quanto dessa diferença de preço se deve
a inflação e quanto se deve a melhora da qualidade. Se é exatamente o mesmo
bem, o aumento de preço se deve exclusivamente à inflação. Se há uma ligeira
melhora da qualidade, é possível estimar de quanto ela foi e separar os dois
efeitos. Mas, quando se trata de um novo produto substituindo um produto antigo,
a questão é mais complicada e aumentos de preço devidos a melhora da qualidade
podem ser equivocadamente computados como inflação. É possível que o
crescimento da produtividade total dos fatores esteja sendo subestimado em um
ponto percentual por causa desses problemas de mensuração (em lugar de 1,5%,
seja, de fato, de 2,5%, o que não se pode chamar de estagnação).