A desaceleração do crescimento da produtividade do trabalho nos países desenvolvidos, na última década, foi ilustrada, nesta postagem, com dados para os Estados Unidos.
Timothy Lee postula, em artigo para Vox, que paradoxalmente estagnação da produtividade e rápido progresso tecnológico, na verdade, coexistiram, nesse período.
Seu argumento é que, quando a produtividade do trabalho se eleva em um setor da economia, a produção do setor pode se expandir ou se contrair. Inicialmente, ao baratear o produto, a inovação amplia o seu mercado, levando à expansão do setor que o fabrica. Com o passar do tempo, a demanda pelo produto é, em larga medida, satisfeita, de modo que aumentos subsequentes da produtividade que barateiam o produto levam principalmente a redução dos gastos com sua aquisição. O setor passa, então, a se contrair, no sentido de que passa a responder por uma parcela decrescente da renda e do emprego.
Isso é o que parece estar acontecendo no conjunto da indústria de transformação, em muitos países. O progresso técnico, neste setor, levou, no período mais recente, principalmente a melhoras de qualidade e redução do preço de produtos já existentes, com a introdução de novos produtos estando limitada quase só ao setor de informática (computadores pessoais, smartphones, DVD players, vídeo games etc.).
Com a redução decorrente da despesa com bens manufaturados, uma parcela crescente do orçamento das famílias passou a se dirigir para o setor de serviços pessoais (saúde, educação, alimentação fora do domicílio, entretenimento, cuidados com animais de estimação etc.), onde a produtividade do trabalho é baixa e se eleva lentamente, quando se eleva.
Essa mudança na estrutura da produção e do emprego na direção do setor de serviços pessoais explica a tendência à redução da taxa de crescimento da produtividade do trabalho.
Este é o paradoxo da produtividade – a redução da taxa de crescimento da produtividade agregada resulta do aumento da produtividade na indústria de transformação.