21.12.19
O que há de errado na Teoria Monetária Moderna, segundo Mankiw
N.G. Mankiw identifica, neste artigo, alguns grãos de verdade
na auto-designada Teoria Monetária Moderna, mas conclui que as recomendações de
política da TMM “não se seguem, de forma consistente, das suas premissas”.
20.12.19
Redução da taxa de juros real e demanda agregada
A taxa de juros SELIC,
descontada a inflação medida pelo IPCA-IBGE, se reduziu de cerca de 7,5% a.a.,
em 2016, para perto de 1% a.a., no final de 2019.
Essa redução da SELIC
real se deveu, entre outros motivos, ao avanço do ajuste fiscal, iniciado no
Brasil em 2015, e tende a induzir a redução das taxas de juros incidentes sobre
as diferentes linhas de crédito na economia.
Como a queda da
taxa de juros real afeta a demanda agregada?
Na postagem
anterior, se mostrou que a redução da taxa de juros real está associada a um
aumento do consumo das famílias e do investimento doméstico.
Além disso, a
queda da taxa de juros eleva também o investimento externo líquido, que
corresponde à diferença entre o valor das aquisições de ativos financeiros estrangeiros
por residentes e o valor das aquisições de ativos financeiros domésticos por
não residentes. Quando a taxa de juros doméstica se reduz, tudo o mais
constante, tanto residentes como não-residentes tendem a se desfazer de ativos
de emissão doméstica e a adquirir ativos emitidos no resto do mundo. Assim, a
oferta de moeda estrangeira se reduz, enquanto a demanda por moeda estrangeira
aumenta, levando a um aumento do preço da moeda estrangeira. A desvalorização
da moeda doméstica, por sua vez, eleva as exportações líquidas de bens e
serviços, contribuindo para aumentar a demanda agregada.
Portanto, o
ajuste fiscal, pelos efeitos que tem sobre a taxa de juros real, induz
modificações na composição da demanda agregada, resultando em contração do
consumo e investimento do governo e expansão do consumo e investimento privados
e das exportações líquidas.
A argumentação
acima sugere que, caso o ajuste fiscal em curso seja completado e consolidado,
não há motivos para maior preocupação com o fato de o déficit em conta corrente
se encontrar atualmente próximo de 3% do PIB. A desvalorização da moeda
doméstica, associada ao ajuste fiscal, deve contribuir para manter este déficit
sob controle.
7.12.19
Absorção doméstica e taxa de juros real - 2002 / 2018
O gráfico acima mostra a relação entre a taxa de juros SELIC real e a absorção doméstica, definida como a soma do consumo privado (C) e formação bruta de capital (I) como proporção do PIB*. Os dados são para o Brasil e cobrem o período 2002 - 2018.
Como se pode observar no gráfico, quando o juro real se reduz, a absorção doméstica aumenta como proporção do PIB (um clique do mouse permite melhor visualização do gráfico.)
O coeficiente de correlação entre as duas variáveis equivale a -0,79.
Uma queda da taxa SELIC real de um ponto percentual está associada a um aumento absoluto da parcela correspondente a C + I no PIB da ordem de 0,44%.
Com a SELIC real agora próxima de 0%, C + I deve se elevar dos 80% do PIB, observados em 2018, para 83% do PIB.
* A absorção doméstica inclui também o consumo do governo. Aqui, se optou por limitar a análise aos componentes da absorção doméstica mais sensíveis a mudanças na taxa de juros.
1.12.19
Distribuição da renda e da riqueza nos países capitalistas desenvolvidos
A percepção bastante difundida de que a desigualdade de renda e riqueza
aumentou significativamente, nos países desenvolvidos, nos últimos 40 anos, se
baseia, segundo análise publicada em The
Economist, em quatro pilares.
- a parcela da renda apropriada pelo 1% de maior rendimento aumentou consideravelmente
- a renda mediana estagnou
- a participação do trabalho na renda declinou
- a parcela da riqueza apropriada pelos muito ricos se ampliou
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