15.7.07

Crime e prosperidade das cidades

Da coluna de José Alexandre Scheinkman, na Folha de São Paulo de hoje:
  • "As medições dos custos econômicos diretos do crime no Brasil sugerem um quadro assustador. Há cerca de 50 mil vítimas de homicídio a cada ano no país; muitas dessas com 15 a 29 anos de idade. O país perde o produto que o 'capital humano' desses jovens poderia gerar. Essas perdas, somadas a outras como, por exemplo, os custos hospitalares das vítimas e as despesas com segurança, podem totalizar 5% do PIB, de acordo com uma recente publicação do Ipea".
  • "É preciso considerar ainda o impacto indireto do crime sobre o desenvolvimento das cidades. No passado, as aglomerações urbanas bem-sucedidas eram importantes centros de manufatura e comércio. Mudanças na tecnologia de transporte e comunicação permitiram a descentralização da produção e afetaram profundamente as cidades. Por exemplo, as cidades americanas que lograram prosperar, no período mais recente, se converteram em centros de indústrias do conhecimento. Essas atividades precisam de uma força de trabalho educada, que quer viver em um local com boas escolas, fácil acesso a serviços culturais e diversão e baixa criminalidade. A segurança é um elemento crucial nas estratégias de crescimento das cidades mais bem-sucedidas. Steve Levitt, da Universidade de Chicago, mostrou que nos Estados Unidos a criminalidade tem um impacto negativo no crescimento das cidades e um relatório preliminar do National Bureau of Economic Research documenta que também no Brasil a violência, medida pela taxa de homicídios, afeta negativamente o crescimento das cidades".
  • "A evidência empírica aponta que o baixo nível educacional e a enorme desigualdade são causas relevantes da criminalidade no Brasil, mas que o alto grau de impunidade dos criminosos tem ainda mais importância. Enquanto nos Estados Unidos em 65% dos homicídios um acusado é levado a julgamento, no Rio de Janeiro menos de 3% desses crimes são elucidados".