O conceito de preços quânticos, derivado da análise de dados
sobre preços de grandes empresas de varejo, conduzida pelos economistas do MIT Roberto Rigobon e
Diego Aparicio, é discutido neste artigo de The Economist
– edição de 10/08/2019.
O ponto de partida é a constatação de que firmas que vendem
milhares de itens diferentes não os oferecem a milhares de preços diferentes,
mas, em vez disso, tendem a agrupá-los em um número limitado de pontos de
preços (a Uniqlo, por exemplo, vende 4.000 itens, distribuídos em menos de 20 preços).
Quando mudam o preço de um item, tais firmas, em lugar de
mover o preço um pouco, tendem a realocar o item para uma das categorias
pré-existentes de preços, ou seja, seus preços variam de maneira discreta, não
contínua (daí a designação de “preços quânticos”).
Com frequência, quando as condições de mercado se modificam, estas firmas, em lugar de rever seus preços, (re)desenham
seus produtos, de modo a adequá-los aos pontos de preço em que já se encontram.
Se, por exemplo, os custos de produção sobem, em lugar de subir os preços, as firmas reduzem a qualidade, tamanho ou peso do produto.
Uma das implicações desse tipo de precificação é que uma queda da taxa de desemprego e o aumento de salários a ela associado afetam pouco os índices de
inflação. Essa subestimação da inflação pode ser uma das possíveis explicações
para o “achatamento” da curva de Phillips.