17.6.07

"Bombando" com causa? (I)

Ao contrário de Delfim Neto (vide postagem anterior), Luiz Carlos Mendonça de Barros, em artigo publicado na edição de 25 de maio da Folha de São Paulo, argumentou que a economia brasileira está "bombando" com causa:
"Os obstáculos ao crescimento sempre citados por economistas da academia e do mercado - o risco jurídico dos contratos, a elevada e ineficiente carga tributária, o crescimento dos gastos públicos, os déficits crescentes da Previdência e o baixo investimento do governo em infra-estrutura - não foram superados. Apesar da importância destes obstáculos para o desenvolvimento de uma economia de mercado moderna, não eram eles que limitavam o crescimento. A dificuldade em crescer estava na fragilidade de nossas contas externas, a qual começou a mudar a partir de 2003, com as alterações no comércio internacional provocadas pela ascensão econômica da China. Nossas exportações passaram a crescer de forma extraordinária, impulsionadas por volumes maiores e pelo aumento significativo de preços. O resultado foi a elevação das reservas externas. Em um momento de extraordinária liquidez internacional e com a busca de rendimentos mais elevados pelos investidores mais agressivos, os juros pagos pelos títulos brasileiros passaram a ser extremamente atrativos. Inicialmente, tivemos uma corrida aos papéis denominados em dólares, provocando uma queda contínua e acentuada do risco Brasil. Em um segundo movimento, iniciado em meados de 2006, os investidores passam a trocar dólares por reais e a investir em títulos da dívida interna. Com isso, está se criando um mercado de títulos de longo prazo até aqui desconhecido por nós. Essa conjugação de moeda forte, aparecimento de um mercado financeiro de prazos mais longos e juros reais bem mais razoáveis está permitindo ao empresário brasileiro voltar a investir".