2.9.07

Taxa de câmbio e política fiscal, de novo

Dani Rodrik argumenta, em artigo publicado recentemente no Valor Econômico, que uma moeda subvalorizada é fundamental para o crescimento econômico sustentado:
"Praticamente todos os casos de crescimento sustentável elevado têm sido acompanhados de uma taxa de câmbio real significativamente depreciada. Observando a experiência de mais de 100 países, apurei que cada 10% de subvalorização acrescenta 0,3 pontos percentuais ao crescimento. A subvalorização da moeda é um instrumento possante para o crescimento porque aumenta a rentabilidade dos setores industrial e agrícola não-tradicional, que são as atividades com o maior nível de produtividade de mão-de-obra e que também apresentam as mais velozes taxas de aumento de produtividade. Ela estimula a produção, ao contrário da supervalorização, que estimula o consumo. É importante compreender que este não é um problema de competência exclusiva do banco central. Manter uma moeda competitiva requer um aumento na poupança interna em relação ao investimento, ou uma diminuição nos gastos nacionais em relação à renda. Caso contrário, os ganhos de competitividade seriam anulados pela inflação ascendente. Isso significa que as autoridades fiscais têm uma grande responsabilidade: estabelecer uma meta de superávit fiscal que seja grande o suficiente para gerar o espaço necessário para a depreciação real do câmbio. Ninguém tem o direito de se queixar da política de 'moeda valorizada e alta taxa de juro' do banco central quando a política fiscal continua frouxa demais para permitir que as taxas de juros sejam reduzidas sem colocar em risco a estabilidade dos preços".
O mesmo argumento sobre a relação entre política fiscal e taxa de câmbio foi apresentado antes neste blog, em postagens de janeiro e abril.