O gráfico acima, extraído de artigo de Delfim Neto publicado na edição de hoje do Valor Economico, mostra a relação entre o crescimento do PIB e a taxa de inflação no Brasil, nos últimos dez anos. Foram utilizados dados do mesmo trimestre em anos consecutivos, de modo que se trata de taxas anuais, não sujeitas a variação estacional. As observações vão do quarto trimestre de 1996 até o quarto trimestre de 2006, excluído o período de turbulência da sucessão presidencial de 2002/03. A análise do gráfico, de acordo com o autor, sugere que:
- "Todos os pontos se conformam dentro de uma elipse cujo eixo maior mede, grosseiramente, a relação entre crescimento do PIB e inflação. Esta relação existe, mas é relativamente tênue: o aumento de 1% no PIB anual tende a elevar em aproximadamente 0,25% a inflação anual".
- "Há uma ampla variância: quando se fixa uma taxa de inflação, pode-se obter taxas de crescimento do PIBs que diferem entre si de 1% a 5%; quando se fixa a taxa de crescimento do PIB, pode-se obter taxas de inflação que diferem entre si de 1% a 4%".
Segundo Delfim Neto, a altura do eixo maior da elipse, que indica a taxa de inflação "esperada" para cada valor da taxa de crescimento do PIB, depende do nível da carga tributária, da relação dívida/PIB, do equilíbrio fiscal, da qualidade do ambiente de negócios, das reformas microeconômicas, particularmente do mercado de trabalho, do respeito à propriedade, da qualidade das instituições, do grau de competição etc. Melhoras nestas variáveis permitiriam à política monetária manter sob controle a taxa de inflação, sem ter que, para alcançar esse objetivo, comprometer o crescimento do PIB com uma taxa de juro real muito elevada.