22.3.07

Valorização cambial? (II)

Em uma postagem anterior, usando informações do IPEADATA, se mostrou que a taxa de câmbio efetiva real está atualmente próxima da sua "média histórica", sugerindo que a preocupação de muitos analistas com uma valorização "excessiva" do real tem pouco fundamento.

Em sua coluna na edição de ontem da Folha de São Paulo, Alexandre Schwartzman defendeu um ponto de vista semelhante.

Os principais pontos do argumento de Schwartzman são:

  • "De acordo com a teoria econômica, o equilíbrio geral da economia se verifica quando são satisfeitas duas condições de equilíbrio. A primeira condição é o equilíbrio externo, ou seja, a manutenção de certo saldo na conta corrente que seja visto como sustentável ao longo dos anos. A segunda se refere ao equilíbrio doméstico, que pode ser interpretado como uma condição acerca da evolução das taxas de inflação dos produtos que não podem ser comercializados internacionalmente, tipicamente serviços. Se a taxa de inflação desses produtos estiver crescendo, é sinal de excesso de demanda nesse mercado; se caindo, excesso de oferta. Em equilíbrio geral, portanto, a inflação dos não-comercializáveis é estável e o país gera um saldo em conta corrente percebido como sustentável".
  • "Caso a taxa de câmbio esteja 'fora do lugar', alguma dessas condições (ou ambas) não poderá ser atendida. Em particular, deveríamos observar uma piora nas condições do balanço de pagamentos ou uma queda acelerada das taxas de inflação de produtos não comercializáveis internacionalmente, ou ainda uma combinação desses dois fenômenos".
  • "O Brasil registra atualmente um superávit próximo a US$ 14 bilhões na conta corrente e as expectativas coletadas pelo BC acerca do saldo para 2007 sugerem manutenção daquele superávit em mais de 1% do PIB".
  • "Esse superávit, porém, poderia resultar de uma demanda doméstica muito fraca, que reprimisse as importações e forçasse certos setores a exportar mais por falta de mercado. Só que a demanda doméstica tem crescido bem (4% no ano passado), acima de sua média desde 1993 (2,4%). Consistente com isso, a inflação de não-comercializáveis tem oscilado desde meados de 2006 ao redor de 4%".
  • "A combinação de superávits expressivos em conta corrente com demanda doméstica se expandindo vigorosamente não sugere nada de fundamentalmente errado com a taxa de câmbio".

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