Da coluna de Ilan Goldfajn, no Valor Econômico de hoje:
O que explica o crescimento chinês
- "Na China, não há restrição de oferta. Há mão-de-obra e poupança abundantes. Como conseqüência, os salários são baixos e o câmbio depreciado. Os chineses poupam muito pelo receio do futuro - poucos terão dinheiro da previdência pública na aposentadoria e contam com apenas um filho para sustentá-los (nas cidades)".
- "O governo ainda controla parte considerável da renda que advém dos lucros".
- "Há espírito empresarial, em busca do lucro, o que incentiva a tomada de risco e a inovação".
Porque o Brasil não cresce tanto
- "O Programa de Aceleração do Crescimento brasileiro tem como objetivo aumentar o investimento, que encontra-se na faixa de 20% (em comparação com 43% na China). Mas o governo quer também salários mais altos (vide aumento recente do salário mínimo) e mais consumo, tanto público (menor superávit primário) quanto privado. A poupança no Brasil é 22% do PIB, menos que a metade da poupança na China, de 46% do PIB".
- "Não há esforço bem-sucedido em melhorar o ambiente de negócios, que inclui melhora no marco regulatório e redução dos entraves à produção e investimento. Falta o ambiente empresarial adequado para uma aceleração do crescimento".
Como o crescimento econômico na China afeta o Brasil
- "Só nesta década, as exportações do Brasil para a China multiplicaram-se mais do que sete vezes. A China pode ter sustentado quase um terço do crescimento do Brasil de 2001- 2003".
- "A situação da economia mundial com inflação baixa e muita liquidez tem suas raízes parcialmente no surgimento da China e Índia (em menor escala) como fenômenos mundiais. A inflação menor no mundo e no Brasil e a maior liquidez e fluxo de capital permitem reduzir os juros, melhorar a composição da dívida pública, pré-pagar a dívida externa, acumular reservas e outras vantagens que o Brasil tem aproveitado nos últimos anos".