A abertura da temporada de futebol 2007, que estará ocorrendo amanhã em todo o país, é uma boa oportunidade para lembrar os resultados de uma interessante pesquisa conduzida por Bruno Giovannetti, Bruno Rocha, Fábio Sanches e José Carlos da Silva, todos economistas da FEA-USP, sobre a fidelidade das torcidas dos 12 maiores times brasileiros.
As informações sobre este trabalho, reproduzidas abaixo, foram extraídas de artigo de Paulo Henrique de Sousa, publicado no Valor Econômico, em outubro de 2005.
Foi definido pela pesquisa como fiel o torcedor que vai ao estádio independentemente da expectativa que tenha em relação ao desempenho do seu time naquele jogo. Uma torcida foi considerada infiel se existirem, entre seus torcedores, indivíduos cuja escolha sobre "comprar" ou não um jogo de futebol dependa da percepção da probabilidade de seu time ganhar, empatar ou perder.
Para medir a fidelidade das torcidas, os 24 clubes que disputaram o Campeonato Brasileiro de 2004 foram divididos pelos pesquisadores em dois grupos. No primeiro, ficaram os times maiores, cujas torcidas foram avaliadas: Atlético Mineiro, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco. Só foram analisados os jogos desses times nos seus próprios estádios contra os adversários do outro grupo, considerados menores. Ou seja, os clássicos regionais, por exemplo, ficaram de fora da amostra, porque, em um Fla-Flu não há como identificar a torcida de um e de outro time. Já no jogo entre Corinthians e Paysandu, em São Paulo, os autores presumiram que toda a torcida fosse corintiana - o mesmo valendo para os demais casos.
Definida a amostra, foram calculadas as probabilidades de vitória, empate e derrota de cada um dos 12 times em cada partida, com base no retrospecto de cada um. Em seguida, se verificou se o tamanho do público variava de acordo com alterações na probabilidade que seus torcedores atribuíam à vitória, empate ou derrota.
O computador indicou como infiéis as torcidas do Grêmio, Internacional e Atlético Mineiro, que terminaram o campeonato nas últimas colocações.
O rigor científico do trabalho é atestado pelo fato de que foi aceito para publicação na Revista Brasileira de Economia, um dos mais importantes periódicos da área de Economia no país.