"Quem usa o seu automóvel de tarde no centro de São Paulo contribui para o engarrafamento e a poluição, mas não leva em consideração essa seqüela da sua escolha. É um exemplo clássico do que os economistas chamam de externalidade negativa. Nessa circunstância, a receita econômica é clara: taxar quem causa a externalidade e/ou subsidiar alternativas que não gerem os mesmos efeitos nocivos. No caso do trânsito, isso significa cobrar do motorista de carro e dar subsídio ao transporte coletivo; exatamente o que fizeram Cingapura e Londres. Em São Paulo, optou-se por um sistema muito menos eficiente para desencorajar a presença de carros: o rodízio, que não produz recursos que poderiam financiar serviços de ônibus e metrô. Quem pensa que o rodízio é mais igualitário porque não envolve pagamentos parece ignorar que os ricos têm hoje um carro de reserva com numeração distinta, que é usado nos dias em que os seus automóveis não podem circular".
14.1.07
Estudo de caso para alunos de microeconomia - rodízio de automóveis
O uso do automóvel em áreas normalmente congestionadas envolve uma externalidade negativa. Para reduzir o congestionamento do trânsito, São Paulo optou pela regulação (restringir a prática que gera a externalidade negativa – no caso, através do rodízio de carros de acordo com o número final da placa), em lugar da solução pigouviana. José Scheinkman, na sua coluna de hoje na Folha de São Paulo, expõe um dos motivos por que a regulação é uma alternativa menos eficiente.