14.2.07

Ajuste fiscal e crescimento (na Irlanda)


Em artigo publicado na edição do Valor Econômico de hoje, Samuel Kinoshita e Patricia Stefani discutem a relação entre ajuste fiscal e crescimento econômico na Irlanda:
  • "Após mais de uma década de políticas expansionistas, a situação fiscal irlandesa no início dos anos 80 era crítica. A primeira saída encontrada pelo governo foi o aumento da taxação. Ainda que essa medida tenha surtido efeito momentâneo, reduzindo o déficit primário pela metade, a relação dívida/PIB continuava a subir, atingindo 116%, em 1986".

  • "Não dispondo mais do recurso da elevação da taxação ou do aumento da dívida, os irlandeses poderiam, em princípio, gerar inflação e recolher o imposto inflacionário, mas essa opção não estava à disposição dos governantes: o país fazia parte do Sistema Monetário Europeu e havia logrado a diminuição de sua taxa de inflação de 19,6% em 1981 para 4,6% em 1986".

  • "Sem outros instrumentos, o governo irlandês foi conduzido ao ajuste fiscal. Aproximadamente 10 mil funcionários públicos foram demitidos (em uma população de 3,5 milhões de habitantes) e os gastos por área sofreram grandes cortes: 6% na Saúde, 7% na Educação, 18% na Agricultura e 7% nos gastos militares. O gasto do governo (excluindo juros) caiu de 55 % do PIB em 1985 para 41% em 1990".

  • "O corte de gastos precedeu o vigoroso aumento do produto. Com a situação monetária bem resolvida, o aumento da credibilidade de sua trajetória fiscal, obtido no ano de 1992 em Maastricht, entre outras medidas, e uma população educada e nativa na língua inglesa, o 'mercado' não tardou a aumentar seus investimentos no país. A Irlanda pôde gozar de taxas de crescimento espantosas. Em termos per capita já é mais rica que a Inglaterra e a Alemanha".