Do artigo de Franco Montoro Filho, na Folha de São Paulo - edição de 2 de fevereiro de 2007:
- "Em uma economia de mercado, a existência de regras de comportamento, direitos e deveres que sejam respeitados e obedecidos é de fundamental importância. A atividade econômica requer a confiança de que o acertado seja cumprido - e, se não for, que existam meios de exigir o cumprimento".
- "Quanto mais houver obediência espontânea das regras (comportamentos éticos), menos tempo e dinheiro serão desviados para a defesa de eventuais comportamentos não éticos e para acionar os mecanismos de defesa dos direitos. Com isso, mais recursos e esforços podem ser aplicados nas atividades de produção e de trocas, aumentando o produto social e o bem-estar econômico".
- "Especialmente em relação a investimentos, a confiança no cumprimento dos contratos é indispensável. Os investimentos representam uma aposta no futuro desconhecido - paga-se hoje para receber depois. Para alguém se dispor a fazer tal transação, é preciso confiar no respeito ao tratado. Quanto mais confiança houver, mais dispostas as pessoas estarão para poupar e investir. Portanto, maiores serão as perspectivas de crescimento econômico. Ao inverso, se há desconfiança generalizada sobre o respeito ao que foi combinado, menor é a disposição de poupar e investir e menores são as perspectivas de crescimento. Investir representaria um grande risco que só atrairia aventureiros e oportunistas que exigiriam elevado retorno no menor prazo possível".
- "No Brasil, comportamentos éticos não só não são valorizados como chegam a ser considerados antiquados, a alegação de que todo mundo é desonesto se torna justificativa para o desrespeito às leis e a repetida impunidade gera grande desânimo em quem cumpre suas obrigações e se torna grande estímulo a atividades ilegais".
- "É preciso dar um basta no perverso processo de desagregação social gerado pela falta de ética nas relações sociais e no processo de canibalização das atividades econômicas gerado pelo desrespeito à legislação tributária, trabalhista e previdenciária".